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Indicação de Carlos Minc ao Ministério do Meio Ambiente é recebida com cautela

Alessandra Corrêa<br>Da BBC Brasil em São Paulo

14/05/2008 20h25

A indicação de Carlos Minc para o Ministério do Meio Ambiente foi recebida com cautela por ambientalistas ouvidos pela BBC Brasil.

Na opinião do especialista em desenvolvimento sustentável Anthony Hall, professor da London School of Economics (LSE), há grande expectativa sobre quais serão as primeiras ações do novo ministro, "especialmente as relacionadas a infra-estrutura e agricultura".

A ex-ministra Marina Silva enfrentou conflitos com o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, e com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, por divergências nesses setores.

"Carlos Minc é mais desenvolvimentista", diz o professor da LSE, ao afirmar que a trajetória do novo ministro é bem diferente da de Marina Silva.

"A posição de Marina Silva era de que a preservação do meio ambiente era um pré-requisito para o desenvolvimento", afirma Hall, que pesquisa questões ligadas à floresta amazônica há mais de 20 anos.

O pesquisador diz que o novo ministro tem uma boa trajetória ambiental, à frente da Secretaria de Meio Ambiente do Rio de Janeiro, e que é "tecnicamente muito competente".

A secretária-geral da WWF-Brasil, Denise Hamú, também destaca a atuação de Minc na secretaria do Rio de Janeiro.

"Ele vem tratando de problemas ambientais graves, mas associados ao espaço urbano, bem diferentes dos que Marina Silva costumava enfrentar", diz.

Segundo Denise Hamú, agora é preciso esperar para ver que rumo o novo ministro pretende dar à pasta.

A ambientalista afirma que o maior desafio de Minc será fazer com que a questão ambiental "deixe de ser encarada como um problema e passe a ser vista como uma oportunidade".

Política ambiental

Quanto à declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que a política ambiental do governo não será modificada com a troca de comando no ministério, Denise Hamú se diz preocupada.

"Isso nos preocupa, porque Marina Silva saiu do ministério discordando do desprestígio que essa política tem", afirma.

"Esperamos que essa posição seja revista. Gostaríamos de ver a área ambiental prestigiada novamente."

Ao contrário de Marina Silva, que era reconhecida internacionalmente como um símbolo da luta pela preservação da floresta amazônica, o novo ministro não é conhecido no exterior.

"Marina Silva tem uma trajetória pessoal que emprestava muito prestígio à figura de ministra", afirma Denise Hamú.

No entanto, a ambientalista acredita que a influência do Brasil na área ambiental não vai mudar.

"O Brasil tem no mundo ambiental uma posição de grande potência", diz. "Qualquer um que ocupe esse cargo terá um poder de influência muito grande no cenário internacional."