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Estudo mostra como amamentação libera hormônio da 'confiança'

Da BBC Brasil

18/07/2008 11h24

Cientistas da Universidade de Warwick, no Reino Unido, mostraram pela primeira vez como um hormônio da "confiança" é liberado no cérebro da mãe durante a amamentação.

A pesquisa, realizada em colaboração com outras universidades e institutos de Edimburgo (Escócia), França e Itália, apresenta mais provas de que a amamentação promove uma maior ligação entre mãe e bebê através de um processo bioquímico.

Segundo a equipe da Universidade de Warwick já se sabia que o hormônio oxitocina era liberado durante a amamentação, mas o mecanismo no cérebro para esta liberação ainda não tinha sido desvendado.

A oxitocina é produzida no hipotálamo, a parte do cérebro que controla a temperatura corporal, sede, fome, cansaço e a raiva. E também foi provado que a oxitocina promove os sentimentos de confiança e a redução do medo.

O hormônio também produz as contrações durante o parto e causa a liberação do leite nas glândulas mamárias.

O estudo foi divulgado na publicação científica "PLoS Computational Biology".

Neurônios

Segundo a pesquisa, em resposta à amamentação, neurônios especializados no cérebro da mãe começam a liberar o hormônio.

Entretanto, a oxitocina é liberada de uma parte do neurônio chamada dendritos que, geralmente, recebe ao invés de transmitir informações.

Com o uso de um modelo matemático, os pesquisadores descobriram que esta liberação, a partir dos dendritos, permite um grande aumento na comunicação entre neurônios, coordenando um "enxame" de fábricas de oxitocina, o que produz explosões intensas dos hormônios.

Este é um exemplo de um "processo emergente" - uma ação coordenada que se desenvolve sem uma liderança, em um processo parecido com um enxame de insetos.

"Sabíamos que estes pulsos aumentam, pois, durante a amamentação, os neurônios que disparam a oxitocina fazem isso juntos, em explosões sincronizadas", afirmou o líder do estudo, professor Jianfeng Feng.

"Mas descobrir exatamente como estas explosões eram desencadeadas era um grande problema sem explicação."

"O modelo nos dá a possível explicação de um evento importante no cérebro que pode ser usado para estudar e explicar muitas outras atividades cerebrais parecidas", acrescentou.