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Cientistas colocam 'mochila' em células para direcioná-las

Da BBC Brasil

12/11/2008 18h00

Cientistas americanos conseguiram equipar células individuais com pequenas "mochilas" de polímeros que poderiam ser usadas para levar remédios para partes específicas do corpo.

Os pesquisadores relataram o experimento na revista acadêmica Nano Letters. O experimento foi possível com o uso de uma tecnologia que permite a criação de camadas de polímeros em áreas específicas.

Três camadas foram depositadas em uma superfície padronizada: uma que se liga diretamente à parede da célula, outra que contém a carga propriamente dita e outra que a envolve como uma cápsula.

Uma mistura líquida contendo células vivas foi então colocada sobre uma série de "mochilas", que se ligaram às células. Ao elevar a temperatura da mistura, as "mochilas" se desconectaram da superfície, deixando que as células flutuassem com a nova carga.

Como as células são apenas parcialmente cobertas pelos pacotes de polímeros, a sua função normal pode ser mantida.

Ao encher essas mochilas com partículas nanomagnéticas, os cientistas puderam manipulá-las com ímãs. A mesma técnica poderia ser usada para dirigir as células para determinadas partes do corpo.

Ao usar células vivas, a técnica pode ser adotada usando as funções naturais da célula e adicionando a carga adaptada.

Natureza

"Nós estamos tentando usar o que a natureza já aperfeiçoou", disse um dos pesquisadores, Albert Swiston, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), em Cambridge, nos Estados Unidos.

As células usadas no experimento eram linfócitos, envolvidos no sistema imunológico, o que sugere a possibilidade de uma terapia direcionada.

"Nós poderíamos encher 'mochilas' com remédios ou outros agentes de quimioterapia e ligá-las a essas células do sistema imunológico que adoram ir para partes do corpo onde há um tumor ou uma inflamação", disse Swiston.

Além de levar remédios, as "mochilas" também poderiam ser usadas para direcionar vacinas de maneira mais eficaz.

Os pesquisadores afirmam que o estudo ainda está em um estágio inicial, mas oferece potencial para as finalidades sugeridas.