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Família mais antiga já identificada 'foi morta', dizem cientistas

Julian Siddle<br>BBC News

18/11/2008 09h55

A família mais antiga já identificada por testes genéticos teve morte violenta segundo análise de uma ossada de 4.600 anos encontrada na Alemanha.

Em relato publicado na revista científica "PNAS", cientistas dizem que os ossos quebrados dessas pessoas mostram que elas tiveram morte violenta.

Análises de DNA de um jazigo confirmam que os ossos são de uma mãe, um pai e dois filhos seus.

AFP
O filho e a filha foram enterrados abraçados a seus pais. Ao todo, os quatro jazigos continham 13 corpos, oito de crianças de entre seis meses a 9 anos de idade, e cinco adultos de entre 25 a 60 anos
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"Estamos certos mesmo, com base em evidências biológicas, não estamos supondo ou assumindo", disse Wolfgang Haak, do Centro Australiano para DNA Antigo, em Adelaide, que conduziu as análises de DNA.

O filho e a filha foram enterrados abraçados a seus pais.
Ao todo, os quatro jazigos continham 13 corpos, oito de crianças de entre seis meses a 9 anos de idade, e cinco adultos de entre 25 a 60 anos.

Em duas covas, o DNA estava bem preservado, o que permitiu comparações entre os códigos genéticos de seus ocupantes. Uma delas continha a família, enquanto a outra abrigava três crianças aparentadas e uma mulher, que, segundo os cientistas, pode ter sido uma tia ou madrasta.

Acredita-se que os corpos encontrados eram de pessoas que pertenciam a um grupo conhecido como Cultura da Cerâmica Cordada, caracterizado pelos potes e vasos decorados com motivos de cordas entrelaçadas. Quando enterrados, os corpos geralmente eram colocados com a face voltada para o sul.

Na cova da família, os adultos 'olhavam' para o sul, mas as crianças em seus colos olhavam para os pais. Os cientistas dizem que nesse caso foi feito uma exceção à regra cultural para expressar a relação biológica.

Arma de pedra

O cuidado com o qual os corpos foram colocados na cova mostra que quem quer que os tenha enterrado sabia exatamente quem eles eram, diz Haak.

O pesquisador afirmou ter ficado "tocado" na primeira vez que viu os corpos.

"Você sente um tipo de simpatia por eles, é uma coisa humana, alguém realmente deve ter tido cuidado com eles", diz o especialista.

"Normalmente deve-se ser cuidadoso em pesquisas arqueológicas para não permitir que os sentimentos nos deixe fazer julgamentos com base nas idéias modernas. Não sabemos o quão dura a vida deles era e se havia algum espaço para o amor".

Segundo os pesquisadores, o aspecto mais "apavorante" da descoberta foi identificar a causa da morte.

"Com certeza eles foram assassinados", diz Alistair Pike, da Universidade de Bristol. "Eles tinham grandes buracos na cabeça, dedos e punhos quebrados".

Pelo menos cinco dos indivíduos mostram provas de um ataque violento. Um deles ainda guarda a ponta de uma arma de pedra encravada em uma vértebra.

Wolfang Haak acredita que como a maioria dos corpos era de mulheres e crianças, é provável que a maioria dos adultos estivesse longe na hora do ataque, talvez lutando ou no campo.

"Eles voltaram para casa no vilarejo e encontraram seus entes queridos mortos", acredita. "É uma hipótese, mas esta me parece a explicação mais plausível".

Ainda segundo os especialistas, episódios violentos como esse se encaixam no que se sabe até agora sobre a vida na Europa central na época.

A área tinha terras férteis, um clima estável e estradas de acesso natural. Tais características tornaram a região um lugar cobiçado por muitos, o que poderia ter criado um ambiente de competição entre seus habitantes levando a confrontos violentos.


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