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Mudar hábitos 'é mais difícil para pessoas com pouco autocontrole'

19/11/2008 06h23

Um novo estudo realizado nos Estados Unidos indica que pessoas com pouco autocontrole têm mais dificuldade em cumprir resoluções de Ano Novo porque tendem a considerar que um número maior de coisas são essenciais em suas vidas.

A pesquisa, realizada por estudiosos da Universidade de Pittsburgh, na Pensilvânia, e da Universidade A&M, do Texas, é uma das primeiras a tentar compreender porque algumas pessoas têm mais dificuldade do que outras para mudar seus hábitos e acabam não realizando promessas que fazem a si mesmo - resoluções como parar de fumar ou perder peso.

Segundo o estudo, as pessoas variam ao classificar o que é uma "necessidade" e o que é um "luxo", e a dificuldade de cumprir a promessa de mudar de hábito surge quando a meta da pessoa entra em choque com seu comportamento padrão em relação a essas coisas. Os pesquisadores descobriram que pessoas com baixo autocontrole tendem a se sair melhor com metas que não restringem seu comportamento, como comprar mais. Essas pessoas consideram mais coisas importantes para ser feliz.

Já as pessoas com mais autocontrole se adaptam melhor a metas restritivas, o que se reflete no fato de que consideram menos coisas essenciais a suas vidas.

Os autores da pesquisa explicaram que, quando tentam mudar um hábito, primeiramente as pessoas vislumbram metas e, depois, estabelecem "intenções de implementação" - quando decidem quais procedimentos são ou não consistentes com seus objetivos. "Por exemplo, você pode fazer um orçamento, decidindo quais itens são luxo e quais são necessidade, compra um livro de dietas que diz quais alimentos ingerir ou não, organiza sua semana para incluir atividades de trabalhou e tempo para lazer", dizem os autores.

É aí que surgiram problemas. "Mesmo quando buscam um mesmo objetivo, consumidores com alto e baixo autocontrole estabelecem categorias bastante diferentes de opções consistentes com o objetivo ou não." Expectativas reais e irreaisUm outro novo estudo americano investigou algo semelhante - por que nossas expectativas a respeito de nós mesmos acabam sendo frustradas com tanta freqüência.

A pesquisa, de estudiosos das Universidades de Wisconsin-Madison e Duke, na Carolina do Norte, analisou o comportamento de algumas pessoas que, por exemplo, compram equipamentos de ginástica imaginando que irão usá-los freqüentemente, mas na prática poucas vezes os utilizam.

"Os consumidores adotam a hipótese provisória de que vão se comportar da forma ideal ao prever como irão agir no futuro", concluíram os autores, ressaltando que a consciência dessa tendência de idealização pode ajudar as pessoas a gastar menos dinheiro no que lhe será pouco útil.

O trabalho também sugere uma forma de fazer com que as pessoas pensem de forma mais realista.

Os participantes foram convidados a fazer estimativas sobre determinados comportamentos (por exemplo: "Em um mundo ideal, quantas vezes você faria exercício na semana que vem?"). Depois, os mesmos participantes responderam às mesmas perguntas formuladas de forma diferente ("Quantas vezes você irá fazer exercício na semana que vem?").

Os estudiosos descobriram que, ao responder primeiro o que aconteceria "em um mundo ideal" e depois o que esperavam que ocorresse na prática, as pessoas tendem a ser mais realistas.

As duas pesquisas foram divulgadas na mais recente edição da publicação científica Journal of Consumer Research.