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Palau cria primeiro santuário para tubarões

Richard Black </br><br>Especialista de meio ambiente da BBC News

25/09/2009 11h22

A pequena república de Palau, no Oceano Pacífico, vai criar o primeiro "santuário para tubarões", proibindo toda a pesca comercial de tubarões em suas águas.

O presidente de Palau, Johnson Toribiong, deve anunciar a proibição durante a sessão desta sexta-feira da Assembleia Geral da ONU. O presidente também vai pedir pela proibição global da extração das barbatana de tubarões.

A barbatana de tubarão é uma commodity cobiçada principalmente no sudeste asiático, onde é usada para fazer sopa.

Palau Mission to the United Nations

Cerca de 100 milhões de tubarões são mortos todos os anos no mundo inteiro.

As águas territoriais do arquipélago de Palau, com mais 200 ilhas no noroeste da Oceania, ocupam uma área de cerca de 600 mil quilômetros quadrados, do tamanho da França.

"Estas criaturas estão sendo massacradas e talvez estejam prestes a serem extintas a não ser que sejam implantadas medidas positivas para protegê-las", afirmou Toribiong.

"Sua beleza física e força, na minha opinião, refletem a saúde dos oceanos, eles se destacam", disse o presidente à BBC na sede da ONU em Nova York.

Restrições
Vários países já implantaram limites para a captura de tubarões e restrições à retirada de barbatanas.

Mas, de acordo com ambientalistas que estão mais próximos da elaboração do projeto, a iniciativa de Palau leva a proteção aos tubarões a um novo nível.

"Palau reconheceu como os tubarões são importantes para ambientes marinhos saudáveis e eles decidiram fazer o que nenhum outro país fez e determinar que toda sua Zona Exclusiva Econômica é um santuário para os tubarões", afirmou Matt Rand, diretor do setor de conservação global de tubarões no Grupo Ambientalista Pew, dos Estados Unidos.

"Eles lideram o mundo na conservação de tubarões", acrescentou.
Rand afirmou que cerca de 130 espécies ameaçadas de tubarões frequentam as águas próximas de Palau e devem ser beneficiadas pela iniciativa.

O país, por seu lado, acredita que também obterá beneficiar da inciativa. Palau recolhe a maior parte de sua renda do turismo e os tubarões são uma grande atração para mergulhadores.

Os animais também poderão ter um papel na conservação dos ecossistemas nos corais da região.

No mundo todo, 21% das espécies de tubarão estão na categoria de "ameaçadas". Outros 18% estão na categoria de "ameaça próxima".

Mais de metade das espécies que passam a maior parte do tempo nas camadas superiores do oceano, expostas à pesca, estão na lista das ameaçadas.

A retirada ilegal das barbatanas é a causa principal da ameaça - mas a caça legal e a captura acidental de tubarões em redes de pesca de atum e marlim também pesam.

Palau poderá ter problemas para aplicar a proibição, pois tem um único barco equipado para o monitoramento de suas águas.

Uma inspeção aérea recente encontrou 70 barcos de pesca na área, a maioria deles ilegal.