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Brasil ajudará a África a preservar a natureza, diz Minc

Marcia Carmo <br><br>De Buenos Aires para a BBC Brasil

29/09/2009 11h00

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, disse, nesta segunda-feira, em Buenos Aires, que o governo brasileiro ajudará a África a preservar a natureza do continente.

O ministro afirmou que o governo brasileiro oferecerá serviços de satélites do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) para monitoramento das regiões, além do auxílio no desenvolvimento do etanol e da preservação da água.

"Os países da África que quiserem desenvolver programas de monitoramento, ligados à recuperação do solo (poderão contar com a ajuda)", declarou.

"É uma ecosolidariedade", disse Minc em uma entrevista a jornalistas brasileiros num intervalo da 9ª Conferência sobre Desertificação das Nações Unidas (COP 9) que está acontecendo na capital argentina.

Minc afirmou que esta "solidariedade" faz parte do objetivo de diminuir as emissões de carbono. De acordo com ele, o monitoramento seria o "primeiro passo" para evitar o avanço do desmatamento.

"Depois, nestas regiões, poderão ser desenvolvidos o etanol (cana de açúcar), o babaçu ou dendê para gerar alguma energia e emprego, absorvendo-se carbono", destacou.

Ele disse que a proposta aos países africanos incluiria ainda a adoção de programas de conservação da água.

Segundo o ministro, o Brasil "ficará mais a vontade" para cobrar a melhor atuação dos países ricos na defesa do meio ambiente ao ajudar a África.

De acordo com Minc, a proposta será apresentada nesta terça-feira aos líderes dos diversos países africanos que participam do encontro em Buenos Aires.

Caatinga
Além da oferta de ajuda ao continente africano, o ministro acrescentou que vai propor a maior defesa da região da caatinga brasileira, no Nordeste, com a ampliação dos atuais 7% para 14% da sua área de preservação.

"Quando eu cheguei ao Ministério eu disse que a Amazônia é fundamental. Mas que o Ministério não pode ser samba de uma nota só. Por isso, em novembro, vamos propor o monitoramento para a caatinga e o dobro de sua área de proteção".

Segundo Minc, a caatinga está sendo "desmatada mais rapidamente" do que a Amazônia.

Copenhague
Minc se disse otimista sobre a possibilidade de acordo durante a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas que será realizada em Copenhague, na Dinamarca.

"Estou moderadamente otimista. Alguns países em desenvolvimento que não admitiam falar em metas, agora já falam no assunto. E o Brasil é um deles e vai apresentar números, vai ter metas e espero que bem ousadas. O que vai nos preparar para cobrar metas mais fortes dos países desenvolvidos", afirmou.

O ministro ressaltou, no entanto, que resta "pouco tempo para se afinar as discussões e se chegar a um acordo" antes da Conferência.

Minc disse acreditar que os líderes acabarão convocando outra reunião, para cerca de seis meses mais tarde.

Segundo o ministro, os ministérios do Meio Ambiente, da Ciência e Tecnologia e das Relações Exteriores se reunirão com o presidente Luiz Inácio Lula da Silvano dia 13 de outubro para discutir as propostas que o Brasil levará a Copenhague.