Asfalto na Floresta: Vista de cima, a BR-319 parece uma espinha de peixe
Ver a BR-319 de cima é provavelmente a maneira mais rápida de se entender o que está em jogo na discussão sobre a reabertura ou não da rodovia.
Com a autorização de funcionários encarregados da manutenção de uma das mais de 40 torres da Embratel que garantem o bom funcionamento da infra-estrutura de telecomunicações da região amazônica, pode-se escalar as estruturas e ver a floresta de cima.
O que se enxerga é verde para tudo quanto é lado e uma cicatriz amarelada, com manchas pretas de asfalto - a BR-319.
Do alto, o isolamento das pessoas que vivem às margens da rodovia, hoje uma trilha esburacada, é literalmente visível. A distância entre as comunidades é enorme.
Por outro lado, não é preciso ter muita imaginação para se visualizar o estrago que estradas secundárias - já planejadas pelos governos estaduais - poderia fazer.
Espinha de peixeBasta imaginar cicatrizes transversais à rodovia, e daí, outros pequenos cortes também transversais. É o chamado "efeito espinha de peixe".
Um dos mais respeitados especialistas em Amazônia, o professor Phillip Fearnside, do Instituto de Pesquisas da Amazônia (Inpa), publicou um estudo recentemente afirmando que o impacto da BR-319 e suas transversais pode derrubar até 33% da floresta intocada.
Por outro lado, o governo brasileiro, ou pelo menos os defensores da reabertura da estrada dentro dele, refutam essa ideia, sob o argumento de que a criação de 27 unidades de conservação ao longo da BR-319 vai proteger a região.
O conceito foi até apelidado de "estrada-parque" pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Desenvolvimento e proteçãoNo entanto, outra coisa fácil de perceber de cima é a dificuldade de fiscalização de uma área tão vasta.
Em conversas com moradores, a opinião é praticamente unânime: a estrada seria extremante útil; mas ao mesmo tempo, eles também querem ver a proteção da floresta.
Indo de Igapó Açu até Careiro, perto de Manaus, tem-se a nítida impressão de estar voltando à civilização: mais carros, asfalto melhor (já sendo reconstruído pelo Exército) e muito mais áreas queimadas.
Regularmente aparecem as áreas queimadas coladas à BR-319. Coincidência ou não, a incidência destes campos queimados - para transformar a floresta em pasto ou em lavoura - é bem mais visível nas partes já reasfaltadas pelo Exército.
Será que, se voltarmos em dois anos ao trecho fechado da rodovia, caso o projeto de recapeamento da BR seja aprovado, veremos a repetição desse efeito por lá?
Com a autorização de funcionários encarregados da manutenção de uma das mais de 40 torres da Embratel que garantem o bom funcionamento da infra-estrutura de telecomunicações da região amazônica, pode-se escalar as estruturas e ver a floresta de cima.
O que se enxerga é verde para tudo quanto é lado e uma cicatriz amarelada, com manchas pretas de asfalto - a BR-319.
Do alto, o isolamento das pessoas que vivem às margens da rodovia, hoje uma trilha esburacada, é literalmente visível. A distância entre as comunidades é enorme.
Por outro lado, não é preciso ter muita imaginação para se visualizar o estrago que estradas secundárias - já planejadas pelos governos estaduais - poderia fazer.
Espinha de peixeBasta imaginar cicatrizes transversais à rodovia, e daí, outros pequenos cortes também transversais. É o chamado "efeito espinha de peixe".
Um dos mais respeitados especialistas em Amazônia, o professor Phillip Fearnside, do Instituto de Pesquisas da Amazônia (Inpa), publicou um estudo recentemente afirmando que o impacto da BR-319 e suas transversais pode derrubar até 33% da floresta intocada.
Por outro lado, o governo brasileiro, ou pelo menos os defensores da reabertura da estrada dentro dele, refutam essa ideia, sob o argumento de que a criação de 27 unidades de conservação ao longo da BR-319 vai proteger a região.
O conceito foi até apelidado de "estrada-parque" pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Desenvolvimento e proteçãoNo entanto, outra coisa fácil de perceber de cima é a dificuldade de fiscalização de uma área tão vasta.
Em conversas com moradores, a opinião é praticamente unânime: a estrada seria extremante útil; mas ao mesmo tempo, eles também querem ver a proteção da floresta.
Indo de Igapó Açu até Careiro, perto de Manaus, tem-se a nítida impressão de estar voltando à civilização: mais carros, asfalto melhor (já sendo reconstruído pelo Exército) e muito mais áreas queimadas.
Regularmente aparecem as áreas queimadas coladas à BR-319. Coincidência ou não, a incidência destes campos queimados - para transformar a floresta em pasto ou em lavoura - é bem mais visível nas partes já reasfaltadas pelo Exército.
Será que, se voltarmos em dois anos ao trecho fechado da rodovia, caso o projeto de recapeamento da BR seja aprovado, veremos a repetição desse efeito por lá?
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