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Acordo detalhado em Copenhague será difícil, diz chefe da ONU

03/11/2009 19h07

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, disse nesta terça-feira que é pouco provável que os líderes mundiais reunidos na Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas em Copenhague, no próximo mês, cheguem a um acordo detalhado. Segundo Ban, as nações talvez não se comprometam com metas específicas de cortes de emissões de gases causadores do efeito estufa e há a possibilidade de se obter um acordo somente em princípio. "Estou razoavelmente otimista que Copenhague será um marco muito importante. Ao mesmo tempo, falando realisticamente, nós talvez não consigamos ter todos os termos sobre temas detalhados", afirmou. O secretário disse que é preciso vontade política para se chegar a um acordo. "Se houver vontade política, estou certo de que há um caminho para concluirmos um acordo em Copenhague", disse. Ban disse esperar algum tipo de acordo sobre metas de redução de emissões para países desenvolvidos e em desenvolvimento, um plano de adaptação para os países mais vulneráveis e apoio financeiro e tecnológico por parte das nações ricas para os países em desenvolvimento. Divisão A reunião de Copenhague tem como objetivo chegar a um novo acordo sobre o clima para substituir o Protocolo de Kyoto, que expira em 2012. No entanto, a poucas semanas do encontro, os países permanecem divididos. Entre as principais divergências está a meta de cortes de emissões de gases poluentes para os países desenvolvidos. Outro ponto de discórdia é a definição sobre o volume de recursos que as nações ricas deverão destinar para ajudar os países em desenvolvimento a reduzir suas emissões e financiar projetos de adaptação. Os países ricos, cujas economias sofreram com a crise mundial, enfrentam pressões internas para reduzir gastos. Também argumentam que algumas nações em desenvolvimento mais avançadas teriam condições financeiras para arcar com a maior parte dos projetos. Os países em desenvolvimento não concordam em contribuir financeiramente. Argumentam que as nações ricas são historicamente as maiores poluidoras e, por isso, deveriam arcar com os custos de adaptação dos países mais pobres. Nesta terça-feira, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, disse estar preocupado com o progresso das negociações. Na abertura, na segunda-feira, da última reunião preparatória para Copenhague - realizada em Barcelona, na Espanha - o secretário-executivo da Convenção do Clima da ONU, Yvo de Boer, afirmou que os próximos dias serão cruciais para a obtenção de um acordo. Nações africanas chegaram a anunciar um boicote à reunião de Barcelona, em protesto contra as metas sugeridas por países desenvolvidos, consideradas baixas. Depois, no entanto, voltaram atrás e decidiram participar das negociações. Brasil O Brasil ainda não definiu a proposta que levará a Copenhague. A expectativa era de que a posição do país fosse anunciada já nesta terça-feira, após uma reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com ministros para discutir o assunto. Ao final do encontro, no entanto, foi divulgado que a proposta seria anunciada na semana que vem. Já há consenso sobre a meta de reduzir em 80% o desmatamento na Amazônia até 2020. Ainda falta, porém, definir a proposta de redução de emissões de gases causadores do efeito estufa. O Ministério do Meio Ambiente defende a proposta de reduzir em 40% a estimativa de emissão até 2020. A proposta do Meio Ambiente leva em conta a previsão de crescimento de 4% na economia brasileira. Na reunião desta terça-feira, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, afirmou que também foram apresentadas opções considerando cenários de crescimento de 5% e 6% ao ano, a pedido da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. "Nada está descartado nem definido", afirmou Minc. "Vamos tomar medidas nas áreas de energia, agropecuária, siderurgia e desmatamento em outros biomas", afirmou a ministra Dilma Rousseff. "Com a soma de esforços, vamos chegar a um número significativo." De acordo com a ministra, no entanto, a definição não incluirá necessariamente números específicos de redução de emissões para cada setor. "Serão linhas gerais. Não vamos apresentar os números, vamos apresentar as medidas", disse Dilma Rousseff. "Até porque estamos fazendo de forma voluntária, porque achamos que é importante que o Brasil preserve suas características de país sustentável."