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Obama quer fim da relação 'confortável' entre governo e petroleiras

14/05/2010 18h12

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, prometeu nesta sexta-feira encerrar a relação "confortável" entre companhias de exploração de petróleo e órgãos reguladores do setor no governo americano.


"Por muito tempo, uma década ou mais, havia um relacionamento confortável entre as companhias de petróleo e a agência federal que permite suas perfurações. Parece até que as permissões foram dadas com muita frequência, baseadas em pouco mais do que a garantia de segurança das companhias petroleiras. Isto não pode e não vai mais acontecer", disse Obama.

Obama fez as declarações nos jardins da Casa Branca, depois de uma reunião de gabinete para discutir o vazamento de petróleo no Golfo do México.

Em seu pronunciamento, o presidente americano afirmou que a falta de supervisão contribuiu para a explosão da plataforma Deepwater Horizon, no dia 20 de abril, que originou o vazamento.

"É absolutamente essencial que coloquemos em prática todas (as medidas de) segurança e proteção para que uma tragédia como esta mancha de petróleo não se repita. Esta é uma responsabilidade que todos nós dividimos."

Reforma
O presidente americano afirmou que pediu ao secretário do Interior, Ken Salazar, uma reforma completa do serviço de gerenciamento mineral americano, incluindo a separação de parte da agência que permite as perfurações de petróleo e gás e coleta os royalties da parte que inspeciona a segurança de plataformas e aplica leis de segurança.

"Também ordenamos inspeções imediatas de todas as operações submarinas profundas do Golfo do México. E anunciamos que não serão fornecidas permissões para perfuração de novos poços até que a revisão que pedi, de segurança e ambiental, de 30 dias, seja encerrada." "Estamos corrigindo a brecha que permitia que algumas companhias de petróleo contornar algumas revisões de segurança importantes. E hoje estamos anunciando um novo exame dos procedimentos ambientais para exploração de petróleo, gás e desenvolvimento", acrescentou.

Obama afirmou ainda que divide com os moradores da área da costa do Golfo do México, a mais atingida pelo vazamento, a raiva causada pela mancha de petróleo.

"A devastação potencial à costa do golfo, sua economia e seus habitantes pede que continuemos nossos esforços, sem descanso, para conter o vazamento e os danos", disse.

O vazamento de petróleo no Golfo do México pode se transformar no pior desastre ambiental da história dos Estados Unidos.

Alguns cientistas começaram a questionar as estimativas oficiais de cinco mil barris de petróleo vazando na região por dia, sugerindo que o número pode ser muito maior.

Segundo o jornal "The New York Times", o oceanógrafo Ian MacDonald, da Universidade Estadual da Flórida, acredita que o volume de vazamento é cinco ou quatro vezes superior.

Minissubmarinos
A Deepwater Horizon era de propriedade da companhia Transocean, que também a operava.

Mas a plataforma trabalhava em nome da companhia petroleira britânica British Petroleum (BP) a 77 km da costa do Estado da Louisiana.

Na explosão, 11 funcionários da plataforma desapareceram e, desde que ela afundou, dias depois da explosão, milhares de barris de petróleo estão vazando.

A BP está usando minissubmarinos em sua última tentativa para conter o vazamento. Além disso, a companhia também está tentando instalar um coletor para direcionar o petróleo para um petroleiro na superfície.