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Em visita ao Golfo, Obama pede apoio a campanha por energia limpa

14/06/2010 17h04

Em sua quarta visita à costa do Golfo do México desde o início do vazamento de petróleo que afeta a região, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pediu nesta segunda-feira que a população apoie uma campanha por energia limpa e "abrace um novo futuro".

"Nós estamos trabalhando para responsabilizar a (petroleira britânica) BP pelos danos às terras e aos meios de sustento (dos habitantes) da costa do Golfo, e estamos tomando firmes precauções para garantir que um vazamento como esse nunca mais volte a ocorrer", disse Obama em um comunicado.

"Mas nosso trabalho não vai terminar com essa crise", diz o texto, que foi distribuído por e-mail a membros do Partido Democrata e apoiadores da campanha presidencial de Obama em 2008 e pede que os destinatários incluam seus nomes em uma campanha por energia limpa.

"Chegou a hora, de uma vez por todas, de esta nação abraçar inteiramente um novo futuro", afirmou Obama. "É assim que vamos reinventar nossa economia."Nesta segunda-feira, o presidente deu início a uma viagem de dois dias pelas regiões afetadas pelo vazamento, iniciado em 20 de abril, quando uma plataforma operada pela BP explodiu e afundou.

O roteiro de Obama inclui os Estados de Mississippi, Alabama e Flórida. Na terça-feira, o presidente fará um pronunciamento à nação sobre o tema.

As estimativas mais recentes são de que o poço danificado, localizado a cerca de 1,5 mil metros de profundidade, esteja despejando cerca de 40 mil barris de petróleo por dia no Golfo do México.

Dependência Segundo Obama, a transição para uma economia de energia limpa vai exigir um período de adaptação e terá custos.

"Mas se nos recusarmos a prestar atenção nos alertas do desastre do Golfo nós teremos perdido a nossa melhor oportunidade de buscar o futuro de energia limpa que sabemos que a América precisa para prosperar nos próximos anos e décadas", disse.

O presidente disse que, na semana passada, convidou legisladores de ambos os partidos para discutir maneiras de avançar com uma legislação "para promover uma nova economia, movida por empregos verdes e combate às mudanças climáticas, e pôr fim à nossa dependência de petróleo estrangeiro".

Obama disse ainda que, apesar responder por mais de 20% do consumo mundial de petróleo, os Estados Unidos têm menos de 2% das reservas mundiais.

"Além dos riscos inerentes à exploração a quatro milhas abaixo da superfície da Terra, a nossa dependência de petróleo significa que nós vamos continuar a enviar bilhões de dólares da nossa suada riqueza a outros países a cada mês, muitos deles em regiões perigosas e instáveis", afirmou.

"Em outras palavras, a nossa contínua dependência de combustíveis fósseis vai colocar em risco a nossa segurança nacional. Vai sufocar o nosso planeta. E vai continuar a colocar a nossa economia e o nosso meio ambiente em perigo", disse Obama.

"Nós não podemos mais adiar, e é por isso que estou pedindo a ajuda de vocês", afirmou o presidente no comunicado.

Comparação Obama já havia dito que o vazamento vai mudar para sempre a maneira como os americanos encaram a questão energética e chegou a comparar o desastre no Golfo aos ataques de 11 de setembro de 2001.

"Da mesma forma que a visão sobre nossas vulnerabilidades e nossa política externa foi profundamente moldada pelo 11 de Setembro, eu acredito que esse desastre vá moldar a maneira como pensamos sobre o meio ambiente e a energia por muitos anos", disse o presidente em entrevista ao site americano Politico.

O governo americano vem aumentando a pressão sobre a petroleira britânica BP, em meio ao crescente descontentamento da população com o vazamento no Golfo, considerado o pior desastre ambiental da história dos Estados Unidos.

Um dispositivo colocado pela BP na semana passada sobre a área danificada está recolhendo em torno de 15 mil barris por dia, volume ainda insuficiente para interromper o vazamento.

A empresa já gastou US$ 1,6 bilhão (cerca de R$ 2,9 bilhões) desde o início do vazamento, e viu o valor de suas ações cair cerca de 45% desde abril.

Os Estados Unidos pressionam a empresa a suspender o pagamento de dividendos a seus acionistas até que as vítimas do vazamento sejam compensadas por suas perdas financeiras.