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Estação espacial chinesa pode cair na Terra em questão de dias

A maior parte da estação Tiangong-1 deve queimar e vaporizar na reentrada na atmosfera - China Manned Space Agency
A maior parte da estação Tiangong-1 deve queimar e vaporizar na reentrada na atmosfera Imagem: China Manned Space Agency

27/03/2018 17h09

Destroços de uma estação espacial chinesa desativada podem cair na Terra até sexta-feira, segundo cientistas que monitoram a trajetória dos objetos.

A estação Tiangong-1 foi a primeira etapa de um ambicioso programa espacial chinês e o protótipo para uma estação tripulada programada para 2022.

Ela foi colocada em órbita em 2011 e desativada cinco anos depois, quando completou sua missão.

Sempre foi esperado que ela caísse de novo na Terra, mas o momento exato e o local de impacto são difíceis de predizer - já que a enorme nave não é mais controlada.

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A mais recente estimativa de reentrada na atmosfera é para o período entre os dias 30 de março e 2 de abril.

A maior parte da estação deve queimar e se vaporizar ao entrar na atmosfera, mas parte dos destroços pode acabar chegando à superfície.

Onde vai cair? 

Ainda não há previsão de um local exato. A China confirmou em 2016 que tinha perdido contato com a Tiangong-1 e que não poderia mais controlar seu destino.

A ESA (Agência Especial Europeia) diz que a reentrada se dará em qualquer lugar entre as latitudes 43°N e 43° S, o que cobre uma área grande ao norte e ao sul do equador.

A ESA tem publicado atualizações regulares sobre a Tiangong-1, mas diz que estimativas sempre podem mudar, já que são "altamente variáveis".

A agência espera que sua previsão se torne mais precisa mais próximo ao fim de semana. 

Tiangong-1 - European Space Agency - European Space Agency
Potencial área de reentrada da estação Tiangong-1
Imagem: European Space Agency

Como será a queda?

A estação está chegando cada vez mais perto da Terra.

Seu ritmo de descida "vai continuar a acelerar gradualmente conforme a atmosfera for se tornando mais concentrada", diz Elias Aboutanios, diretor do Centro Austrialiano de Pesquisa em Engenharia Espacial.

"Ao se aproximar dos 100 km de distância da Terra, a estação vai começar a esquentar", diz ele.

Isso vai levar à combustão da maior parte da estação - e é difícil saber exatamente o que vai sobreviver, já que a planta da estrutura não foi divulgada pela China.

Aboutanios diz que, se a estação queimar à noite, sobre uma área povoada, com certeza o fenômeno "será visível, como um meteoro ou uma estrela cadente."

Eu deveria me preocupar?

Não. A maior parte das 8.5 toneladas da estação vai desintegrar ao passar pela atmosfera.

Partes mais sólidas - como os tanques de combustível e o motor - podem não vaporizar inteiramente. No entanto, mesmo que alguns pedaços cheguem à superfície da Terra, as chances de que algum deles atinja uma pessoa são mínimas.

"Nossa experiência mostra que entre 20% e 40% de objetos desse tamanho costumam atingir o chão", diz Holger Krag, chefe do departamento de lixo espacial da ESA.

"No entanto, ser atingido por um desses fragmentos é extremamente improvável. Minha estimativa é que a probabilidade de ser ferido por um desse pedaços é parecida com a de ser atingido por um raio duas vezes no mesmo ano", diz ele.

Todo o lixo espacial cai de volta na Terra?

"Embora o lixo espacial deixado em órbita regularmente caia de volta na Terra, a maior parte vaporiza ou acaba caindo no meio do oceano, longe de qualquer pessoa", diz Aboutanios.

Normalmente, quando um objeto retorna, ainda há comunicação - ou seja, a central de controle ainda pode direcionar a trajetória e o local de queda desejado.

Os detritos são guiados para cair no chamado polo de inacessibilidade oceânico - o local mais distante de terra, por todos os lados. É um ponto no oceano pacífico entre a Austrália, a Nova Zelândia e a América do Sul.

A região é um cemitério de satélites e espaçonaves, onde os destroços de cerca de 260 deles estão espalhados ao longo de uma área de aproximadamente 1.500 km²;

O programa especial chinês

A China começou tarde no ramo da exploração espacial.

Em 2001, o país lançou espaçonaves com animais e em 2003 colocou seu primeiro astronauta em órbita, se tornando o terceiro país a fazê-lo, depois da União Soviética e dos EUA.

O programa para criação de uma estação espacial começou em 2011 com o lançamento do Tiangong-1, chamado também de "Palácio Celestial".

O protótipo de estação foi capaz de abrigar tripulantes, mas apenas por um curto período de alguns dias. A primeira austronauta mulher da China, Liu Yang, visitou a estação em 2012.

Em 2016, dois anos depois do programado, a estação foi desativada.

Atualmente a China tem em operação a estação Tiangong-2. O país também pretende colocar uma terceira em órbita, que deve ser tripulada e estar totalmente operacional até 2022.