Topo

Cultivos de maconha ameaçam parques naturais dos EUA

06/12/2005 11h13

Por Natalia Martín CanteroSão Francisco (EUA), 6 dez (EFE).- Além de ursos e sequóiasgigantes, os visitantes dos emblemáticos parques da Califórnia podemdeparar-se com cultivos de maconha, vigiados por máfias mexicanasque se aproveitam do refúgio proporcionado por estes lugares.

Recentemente, enquanto faziam sua ronda pelo Parque Nacional dasSequóias, na Califórnia, dois guardas florestais se depararam comdois homens que, ao invés de mochilas e cantis, habituais na região,portavam rifles automáticos.

Os homens fugiram, mas as autoridades do parque os apanharampouco tempo depois na pequena localidade de Wawona. A detençãoajudou a Polícia a localizar um cultivo de mais de 6 mil plantas demaconha no coração do parque.

Não é que haja um destes bandidos escondido por detrás de cadasequóia gigante, mas o certo é que incidentes como este são cada vezmais freqüentes.

No ano passado, os guardas do parque descobriram mais de 44 milplantas - com um valor de venda, no preço das ruas dos EUA, de US$176 milhões -, o que representa um aumento de mais de 30% em relaçãoao que havia sido confiscado no ano passado.

No vizinho e igualmente famoso parque de Yosemite, também naCalifórnia, a situação é semelhante, segundo o último relatório daAssociação para a Conservação dos Parques Nacionais.

"A maconha cresce muito bem em alguns parques da Califórnia",disse Steve Shackelton, chefe dos guardas do Parque Nacional deYosemite.

Como lembra Shackelton, nas imediações de Sierra Nevada há umclima temperado e áreas muito remotas com rios próximos. Ou seja,condições ideais para o cultivo da erva.

Shackelton e outros diretores dos parques culpam as máfiasmexicanas que, segundo eles, se aproveitam de pessoas introduzidasilegalmente no país para realizar seu trabalho sujo.

Trata-se de uma situação que, ironicamente, piorou desde 11 desetembro do 2001, a data dos atentados terroristas da Al Qaedacontra os EUA, segundo Bill Tweed, naturalista do Parque Nacionaldas Sequóias.

Isto ocorre porque o aumento da segurança na fronteira com oMéxico após os ataques terroristas tornou mais difícil a entrada dedrogas no país, aumentando os incentivos para o cultivo interno.

A outra grande ironia, explica Tweed, é que como as leisamericanas ameaçam confiscar as terras privadas onde se cultivedrogas, os traficantes têm menos a perder com plantações empropriedades públicas.

As plantações de maconha destroem ainda a vegetação local, já queutilizam água em zonas que antes estavam secas, e levam pesticidas eherbicidas.

Além disso, para expandir as plantações, os cultivadoresfreqüentemente cortam árvores, escavam terrenos, criam pequenasrepresas nos riachos e utilizam encanamentos de plástico.

Em Yosemite, alguns envolvidos na atividade fazem fogueiras ao arlivre, o que pode provocar incêndios em lugares de difícil acesso.

A gravidade da situação chegou ao Congresso dos EUA em meados denovembro, quando diretores testemunharam para denunciar que aprodução ilegal de maconha em parques, florestas e outros espaçosprotegidos se transformou em um negócio multimilionário, concentradoprincipalmente na Califórnia.

"Estas atividades põem em risco nossos empregados, visitantes enossa missão de proteger os recursos mais importantes do país",afirmou Karen Taylor-Goodrich, diretora do serviço de ParquesNacionais.

Os guardas estão preocupados, pois estas máfias não hesitam emutilizar agressivas armadilhas e armas automáticas para protegersuas plantações, e até em mesmo ameaçar visitantes.

"No passado, os traficantes fugiam (quando se deparavam com osguardas do parque), mas agora têm pistolas, utilizando táticas deintimidação", disse Laura Whitehouse, da Associação de Conservaçãode Parques Naturais.

Além do Yosemite e do Sequóia, também há notícias da existênciade cultivos nas montanhas de Santa Monica, próximo de Los Angeles, enos parques Golden Gate e Point Reyes, ambos na baía de SanFrancisco, todos eles emblemáticos recantos de paz.