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Conselho de especialistas propõe saídas para "caos climático"

Ursula Junglewitz

20/03/2007 15h22

Berlim, 20 mar (EFE).- O World Future Council (WFC) - um conselho formado por 50 especialistas entre cientistas, políticos e acadêmicos do mundo todo - apresenta hoje em Hamburgo (norte da Alemanha) um livro com oito propostas científicas contra a mudança climática, com o título "O futuro é possível: saídas do caos climático".

"A mudança climática não é notícia, o que nós pretendemos é oferecer soluções", explicou o editor da obra, o documentarista e especialista em política urbana sustentável Herbert Girardet, em entrevista por telefone à agência Efe.

O conselho, criado por Jakob von Uexküll, se considera "um lobby internacional que defende as futuras gerações em um mundo onde é cada vez mais necessário atuar a longo prazo", prosseguiu Girardet.

Uexküll é o criador do Nobel Alternativo, um prêmio que distingue o trabalho social de pessoas e instituições de todo o mundo, e considerado a ante-sala do Nobel da Paz.

O livro é um ensaio de 360 páginas que está sendo colocado hoje à venda na Alemanha, onde será apresentado na quinta-feira na Feira do Livro de Leipzig, antes de chegar em maio às livrarias britânicas.

"Não descreve os problemas, mas aborda oito dos temas que mais preocupam o WFC", explicou Girardet.

Os temas destacam a necessidade de impulsionar as energias renováveis, criar uma agricultura e cidades sustentáveis, uma visão radicalmente nova do comércio internacional ou o devastador impacto que o desmatamento da floresta amazônica tem sobre a mudança climática.

Girardet "compilou" textos de especialistas como Peter Bunyard, conhecido ecologista que viajou pela Colômbia e o Amazonas durante 20 anos, autor do capítulo dedicado ao Amazonas; ou o deputado social-democrata alemão Hermann Scheer, um dos especialistas mais reconhecidos internacionalmente em energias renováveis.

O World Future Council conta com especialistas do mundo inteiro, como a indiana Vandana Shiva, da Fundação de Pesquisas Científicas, Tecnológicas e Ecológicas, ou o americano William Ury, de Harvard.

Não faltam eminências latino-americanas como o brasileiro Fábio Feldmann, do Fórum Paulista de Mudança Climática e Biodiversidade, ou o economista chileno Manfred Max-Neef, que nos anos 90 formulou a hipótese do "umbral", a idéia de que a partir de determinado ponto do desenvolvimento econômico a qualidade de vida começa a diminuir.

Este fórum de "consultores" já trabalha há três anos em Londres, Hamburgo e Estados Unidos "na busca de cientistas, parlamentares, acadêmicos, empresários, ONGs, um amplo espectro de personalidades que se preocupem dos os direitos humanos, o meio ambiente ou a saúde, entre outros temas", conta Girardet.

Uma vez que se conheçam pessoalmente seus membros, seu propósito será impulsionar duas campanhas internacionais ao ano, "a primeira destinada a acelerar o aproveitamento das energias renováveis", explica Girardet.

Na introdução do livro, Uexküll explica como "um pequeno grupo trabalhou duro durante anos para forjar uma nova organização internacional, que em 2007 dará seus primeiros frutos", em alusão ao iminente encontro do conselho em maio em Hamburgo.

"O WFC fará o possível para ser um 'entendimento global', que defenda os interesses conjuntos dos cidadãos do planeta e lute contra o pensamento a curto prazo, a cobiça e a autocomplacência", é o que pode ser lido nas primeiras páginas do livro.

"Contribuirá para garantir os direitos de gerações futuras a um planeta intacto", conclui o sueco-alemão, que foi eurodeputado dos Verdes e membro da direção do Greenpeace.