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OMS indica estabilização da epidemia mundial de tuberculose

22/03/2007 12h39

Genebra, 22 mar (EFE) - A epidemia mundial de tuberculose estabilizou-se pela primeira vez desde que foi declarada emergência de saúde pública, em 1993, apesar da presença cada vez mais alarmante de catalisadores, como o HIV, e de o bacilo estar desenvolvendo resistência aos medicamentos existentes.

Às vésperas do Dia Mundial da Tuberculose, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou hoje um relatório afirmando que "a epidemia alcançou seu auge em 2004, estabilizou-se em 2005 e está a ponto de começar a retroceder".

Apesar de o número de novos casos continuar aumentando - cresceram 5,4% em 2005, em comparação ao ano anterior -, a taxa mundial de ocorrências graves e de mortalidade "provavelmente" caiu nos últimos anos.

Da mesma forma, o percentual de novos casos em relação ao total da população manteve-se estável ou teve queda nas seis regiões nas quais a organização divide o planeta.

Caso este último dado seja confirmado, um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio da ONU - reverter o avanço da tuberculose até 2015 - teria sido cumprido com dez anos de antecedência.

Os esforços internacionais para erradicar essa doença infecciosa que ataca os pulmões conseguiram que 60% das novas ocorrências fossem detectadas cedo, e permitiram a cura da maioria dos doentes.

Apesar disso, a tuberculose ainda mata 4.400 pessoas por dia, o que significa que 1,6 milhão de pessoas morreram em decorrência da doença em 2005, das quais 195 mil eram portadoras do vírus HIV, afirma o relatório.

Um dos principais problemas enfrentados para conter o avanço da doença é que o bacilo espalha-se muito facilmente entre as pessoas com aids, de modo que a tuberculose tornou-se a principal causa de morte entre os portadores do HIV.

"Ainda é preciso fazer um grande esforço para conscientizar a sociedade de que a presença do HIV e a tuberculose estão muito ligadas", disse a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, durante a apresentação do trabalho.

Por isso, Chan lamentou que, embora o número de exames para detectar o HIV em pacientes tuberculosos esteja aumentando rapidamente na África - o continente mais afetado pelos dois problemas -, ainda são feitos poucos testes para determinar se pessoas com aids contraíram tuberculose.

A outra grande ameaça no combate à epidemia é que o bacilo da tuberculose está se tornando resistente aos medicamentos existentes, tanto aos remédios mais fortes, ou de primeira linha (tuberculose multirresistente, MDR-TB), como os mais antigos, ou de segunda linha (extremamente resistente, XDR-TB).

O próprio diretor do departamento Stop TB da OMS, Mario Raviglione, admitiu que ainda é desconhecida a amplitude da XDR-TB, provocada geralmente pelo abandono ou administração inadequada dos tratamentos.

Segundo Raviglione, "é uma séria ameaça aos progressos obtidos" que "os países mais atingidos demorem muito para reagir".

Por causa destes dois catalisadores - a aids, principalmente na África, e a resistência do bacilo aos medicamentos, sobretudo na China e nos países da antiga União Soviética -, os especialistas calculam que os recursos necessários para deter a propagação da doença podem chegar a US$ 56 bilhões no período 2006-2015.

Chan disse também que outras prioridades da organização são "conseguir novos métodos de diagnósticos, remédios e vacinas, enquanto em nível local devem ser reforçados os recursos de laboratório para não perder o terreno conquistado para a doença".

Segundo o relatório, serão investidos US$ 2 bilhões para alcançar este objetivo em 2007, dos quais US$ 1,2 bilhão serão investidos por Governos nacionais, principalmente do Brasil, China, Rússia, Índia, Indonésia e África do Sul.

No entanto, são necessários mais US$ 1,1 bilhão para a aplicação das disposições previstas no Plano Mundial para o Combate à Tuberculose nos 84 países mais atingidos pela doença.