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Drogas e aids transformam milhões de avós em "pais" novamente

02/04/2007 23h41

Nações Unidas, 2 abr (EFE).- A devastação causada pela aids, as guerras e as drogas transformaram milhões de avós de todo o mundo em "pais forçados", que muitas vezes se vêem sem forças e recursos econômicos para criar seus netos.

Segundo dados divulgados hoje na ONU, só nos Estados Unidos há cerca de seis milhões de crianças que estão sendo criados por seus avós, porque seus pais não são capazes ou porque morreram vítimas da aids ou das drogas.

Às doenças e as guerras se juntam outros fatores, como as catástrofes naturais, que aumentou o número de órfãos nos últimos anos.

O problema se estende por todo o mundo, especialmente na África Subsaariana, onde cerca de 12 milhões de crianças vivem com seus avós ou outros parentes, os mais afortunados, já que muitas delas são criadas por seus irmãos, também menores de idade.

"Crianças sem pais são umas crianças sem voz", disse hoje a representante do Comitê Nacional de Avós pelos Direitos das crianças, Brigitte Castellano, se queixando que a Assembléia Geral da ONU não tenha adotado nenhuma recomendação a respeito.

A falta de apoio dos Governos levou diversas organizações a organizarem em Nova York, de 6 a 8 de maio, a "I Cúpula Mundial de Avós e Cuidadores da Família", na qual avós de todo o mundo tentarão buscar apoio para a situação que atravessam.

"Muitos idosos viveram com dor a morte de seus filhos por causa da aids, e agora têm que criar seus netos, que possivelmente também contrairão a doença", disse Castellano, ao explicar as conseqüências que a pandemia está tendo nas zonas mais deprimentes do planeta.

Os avós que criam seus netos têm que superar desafios tremendos, segundo explicaram na ONU, como as dificuldades econômicas por causa da falta de recursos e a diferença de idade que os separa dos pequenos.

"Os avós são heróis. Dão amor, carinho e um lar estável a quem não tem. E isso é um grande serviço à sociedade, por isso devemos apoiá-los", explicou Brigitte Castellano.

Na cúpula, os idosos tentarão conscientizar os governantes da necessidade de apoiar o trabalho que realizam, normalmente não remunerado.