Topo

Ausência de "El Niño" deve provocar temporada de furacões

Sonia Osorio

03/04/2007 19h18

Miami, 3 abr (EFE).- Estados Unidos, Caribe e México enfrentarão outra temporada de furacões traumática por causa da formação de 17 tempestades tropicais e nove furacões, dos quais cinco serão de grande intensidade, previram hoje meteorologistas.

Uma temporada "muito ativa" que começa no dia primeiro de junho e termina em 30 de novembro ameaça castigar a bacia atlântica que foi protegida pela corrente do "El Niño" no ano passado após sofrer forte ataque em 2004 e 2005.

"Aumentamos nossa previsão para a temporada de 2007 devido, em grande parte, à rápida dissipação das condições 'El Niño'. Agora, estamos chamando-a de muito ativa", disseram Philip Klotzbach e William Gray, meteorologistas da Universidade do Colorado.

No entanto, os especialistas limitaram a temporada de 2007, afirmando que ela "não será tão ativa como as temporadas de 2004 e de 2005", quando no estado da Flórida e na costa do Golfo do México furacões deixaram um rastro de destruição e morte.

Em dezembro de 2006, os dois meteorologistas previram que em 2007 haveria a formação de 14 tempestades tropicais e de sete furacões.

Do total, três furacões teriam ventos superiores a 178 km/h.

Com o anúncio de hoje, os alarmes dos moradores das áreas litorâneas dos Estados Unidos dispararam. A população destas localidades teve uma trégua em 2006, quando não houve nenhum furacão nestas regiões.

Durante a temporada passada só se formaram nove tempestades e cinco furacões. Com isto, o período foi o menor em número de tempestades desde 1997, ano no qual foram registrados sete fenômenos, segundo informações do Centro Nacional de Furacões (NHC, sigla em inglês), com sede em Miami.

"Fomos muito sortudos no ano passado, quando não houve furacões atingindo terra", disse Klotzbach. A temporada de 2006 foi apenas o 12º ano desde 1945 no qual os Estados Unidos não foram atingidos por ciclones.

Agora, há 74% de probabilidade de que pelo menos um ciclone de categoria 3, 4 e 5 atinja os Estados Unidos. As categorias estimadas são as máximas na escala de intensidade Saffir-Simpson, que vai de 1 a 5.

A previsão para o estado da Flórida, um dos mais atingidos por furacões, é de 50%. Já para a costa do Golfo do México, a estimativa é de 49%.

Além de ser conseqüência do final do fenômeno "El Niño", o alarmante cenário é resultado das águas quentes do oceano Atlântico, que, combinadas com outros fatores, servem de "combustível" para a formação de furacões.

Os meteorologistas não consideram que o "El Niño" será um fator inibidor na formação dos ciclones este ano. De fato, cinco modelos de computador mostram condições da presença da "La Niña".

"Nós esperamos uma temporada muito ativa em 2007, enquanto as condições da 'La Niña' estiverem acima da média no Atlântico Norte", afirmaram.

Em fevereiro, a Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos EUA (NOAA, em inglês) alertou sobre a presença da "La Niña" na área equatorial do Pacífico e sua incidência em uma temporada ativa de furacões no Atlântico.

Conrad C. Lautenbacher, diretor da NOAA, disse que quando este fenômeno climático está presente no Atlântico há uma tendência de uma maior quantidade de furacões que o normal.

Com relação à influência do aquecimento global na formação e intensidade dos ciclones, especialmente durante 2004 e 2005, Klotzbach e Gray - conhecido como "o guru dos furacões" - descartaram este fator.

Os cientistas afirmaram que desde que se têm registros dos furacões, observa-se que existem décadas em que há muita atividade e outras em que ela é abaixo do normal.

"Isto não está diretamente ligado ao aumento da temperatura global ou ao aumento do gás estufa emitido pelos seres humanos", disseram os dois especialistas.