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Combinação de antibióticos fraca pode ser melhor contra germe forte

04/04/2007 21h39

Londres, 4 abr (EFE).- Cientistas da universidade americana de Harvard descobriram que uma combinação de antibióticos pouco potente pode ser mais eficaz contra os germes patogênicos muito resistentes que as misturas de remédios mais fortes.

Esta descoberta paradoxal, apresentada na última edição da revista científica "Nature", pode, segundo seus autores, contribuir para evitar o desenvolvimento de bactérias como o estafilococo áureo resistente à meticilina, que causa a maior parte das infecções nos hospitais.

O estudo indica que com uma combinação e concentração adequada de antibióticos, embora sua potência seja menor, se pode evitar o desenvolvimento de germes patogênicos resistentes e facilitar a aparecimento dos não resistentes, muito mais fáceis de controlar.

A equipe de cientistas, dirigida por Roy Kishony, da faculdade de Medicina de Harvard, realizou a pesquisa com uma combinação de doxiciclina e ciprofloxacina, antibióticos usados para neutralizar a bactéria Escherichia coli.

Separadamente, a doxiciclina estimula o desenvolvimento da variante resistente do Escherichia coli, mas quando os cientistas a combinaram com o ciprofloxacina em concentrações baixas, viram que tinham desenvolvido uma variante não resistente da bactéria.

No entanto, os cientistas afirmam que esta combinação de antibióticos não tem os mesmos efeitos na variante do Escherichia coli resistente ao ciprofloxacina.

Por isto, o relatório diz que seria de "grande interesse" que as combinações de remédios fossem revisadas para evitar que o efeito benéfico produzido por um neutralize o do outro.

Além disso, adverte que os resultados desta pesquisa devem se circunscrever ao ambiente científico dos laboratórios e diz que uma possível aplicação destas conclusões à medicina terapêutica fica fora do alcance do estudo.

"No entanto, esperamos que esta descoberta possa abrir novos caminhos de pesquisa para novas estratégias no uso de combinações de remédios antimicrobianos que melhorem a seleção contra a resistência", dizem os cientistas.