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Genoma de primatas pode ajudar a entender doenças humanas

12/04/2007 15h00

Washington, 12 abr (EFE) - Um grupo internacional de cientistas anunciou hoje que terminou de decodificar a seqüência do genoma do macaco rhesus, em um avanço que ajudaria a entender algumas doenças que afetam os seres humanos, inclusive a Aids.

A análise da seqüência genética revela que estes primatas compartilham 93% do DNA com os chimpanzés e com os homens, mas têm alguns genes muito diferentes, disseram os cientistas, em uma série de artigos publicados hoje na revista "Science".

Raimundo Pacco/Folha Imagem
Seqüência do chipanzé foi concluída pelos cientistas em 2005 e trouxe pistas para o maior entendimento da biologia humana
A seqüência do genoma do macaco, junto com a dos homens e a do chimpanzé, proporcionam outro instrumento que impulsiona nosso conhecimento da biologia humana", disse Francis Collins, do Instituto Nacional de Pesquisas do Genoma Humano, um dos órgãos participantes da pesquisa.

A seqüência do genoma humano, decodificada em 2001, deu muitas pistas sobre a evolução do homem, mas, naquela ocasião, os pesquisadores disseram que obter a série de genes dos outros primatas seria útil para fazer comparações.

Em 2005, a seqüência do chimpanzé (Pan troglodytes) permitiu determinar quais genes eram compartilhados pelas duas espécies desde que estas se separaram em termos evolutivos, há seis milhões de anos. A análise das duas séries indicou que os dois genomas têm 99% de semelhança.

No entanto, o macaco rhesus é um parente ainda mais antigo dos homens, tendo se separado evolutivamente há cerca de 25 milhões de anos.

Segundo Richard Gibbs, diretor do Centro de Seqüência do Genoma Humano, do Colégio Baylor de Medicina, o fato de o macaco estar mais longe na evolução que o chimpanzé gera um bom contraste para a comparação dos três genomas.

Gibbs acredita que o genoma do macaco rhesus ajudará os cientistas a explicar como o homem se diferencia de outros primatas.

"Permitirá aprender o que se agregou ou se descartou na evolução dos primatas, desde o macaco rhesus, passando pelo chimpanzé até o homem", afirmou o diretor.

Ao adicionar o genoma do macaco rhesus à comparação entre primatas, os cientistas identificaram quase 200 genes que seriam fundamentais na determinação das diferenças entre as espécies.

Entre elas, por exemplo, os genes envolvidos na formação do cabelo, na reação imunológica, assim como na fusão do esperma com o óvulo.

Muitos destes genes estão em áreas do genoma dos primatas que foram duplicados, o que indica que ter uma cópia extra de um gene poderia permitir uma evolução mais rápida e que essa duplicação é importante na evolução dos primatas, disseram os cientistas.

Além do fato de o macaco rhesus ser um parente distante na evolução dos primatas, sua importância é essencial na medicina, por causa de sua semelhança genética e fisiológica com os humanos.

De acordo com os cientistas, essa espécie de macaco não apenas salvou muitas vidas ao ajudar a determinar o fator Rh do sangue e o desenvolvimento da vacina contra a poliomielite, mas também foi fundamental na pesquisa de transtornos neurológicos e de comportamento.

No entanto, o pequeno primata é ainda mais importante na luta contra o HIV causador da Aids, afirmaram os pesquisadores.

O macaco rhesus tem uma reação especial até agora não esclarecida frente à ação do vírus da imunodeficiência símia (VIS), o que o torna um modelo único no estudo da Aids, acrescentaram os cientistas.

"Uma descrição completa de todos os componentes de suas funções imunológicas permitirá um uso mais ponderado dos macacos rhesus em áreas como a pesquisa da aids e das vacinas", disseram os autores dos estudos.

O genoma do macaco rhesus também ajudará a ampliar a pesquisa neurológica, a biologia do comportamento, a fisiologia reprodutiva e os estudos de endocrinologia e cardiovasculares, acrescentaram.