Topo

Identificado gene ligado à resposta de pacientes a transplantes de medula

23/04/2007 15h00

Barcelona, 23 abr (EFE) - O Instituto Catalão de Oncologia (ICO) relacionou pela primeira vez o gene CTLA-4 com a resposta dos doentes de leucemia ao transplante de células hematopoiéticas, após analisar 536 transplantes de medula provenientes de irmãos compatíveis realizados em 19 hospitais.

O estudo, desenvolvido por David Gallardo e Arianne Pérez-García, da Unidade de Aloreatividade do Laboratório de Pesquisa Translacional do ICO e publicado na revista "Blood", afirma que a sobrevivência do paciente que recebeu o transplante varia notavelmente de acordo com o tipo de gene do doador, normalmente um irmão compatível.

O tratamento da leucemia aguda e de outros cânceres hematológicos consiste em sessões de quimioterapia e, mais tarde, num transplante de células-tronco, as quais podem ser do próprio paciente (transplante autólogo) ou de um doador compatível, em geral um irmão (transplante alogênico).

No entanto, nos transplantes de doador a resposta varia e, na metade dos casos, ocorrem complicações, sem que se conheça a razão pela qual a rejeição acontece.

O trabalho do ICO apresenta um mecanismo, relacionado ao gene CTLA-4, que poderia explicar estas diferenças, o que ajudaria os médicos a prever as possíveis complicações e a adotar os tratamentos mais adequados às particularidades de cada paciente.

Os cientistas descobriram que, conforme a variedade do gene do doador, a sobrevivência dos pacientes que receberam o transplante varia entre 56% e 70%. Por isso, caso o resultado do trabalho seja confirmado, será necessário analisar o gene CTLA-4 do doador antes de realizar o transplante.

O gene CTLA-4 codifica uma proteína que regula a ativação dos linfócitos T, uma peça-chave do sistema imunológico, e esta mesma proteína inibe os linfócitos quando a atividade imunológica deve terminar.

Existem cinco polimorfismos do gene que fazem com que a proteína seja mais ou menos ativa. Embora alguns deles já tenham sido associados a uma maior propensão ao desenvolvimento de certas patologias auto-imunes, nunca as variedades do CTLA-4 haviam sido associadas com a resposta a um transplante de células-tronco hematopoiéticas.

Os cientistas descobriram que os pacientes que recebem células procedentes de doadores com o polimorfismo CT60 AG ou o CT60 GG têm maior rejeição e sobrevivem menos (56,2% depois de cinco anos) que os que recebem células hematopoiéticas com o polimorfismo CT60 AA, cuja sobrevivência é de 69,8%.

A rejeição também é mais freqüente naqueles que têm o polimorfismo CT60 AA.

A hipótese dos pesquisadores é que as variações CT60 AG e CT60 GG tornam o sistema imunológico mais tolerante, o que gera uma menor reação contra os tecidos do paciente, mas, por sua vez, combate menos as células malignas que conseguiram escapar da quimioterapia, por isso há uma maior recaída.

Caso estes resultados sejam confirmados por outros trabalhos, quando um doente tiver mais de um irmão compatível, o escolhido como doador deverá ser aquele que tiver a variante CT60 AA.