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Agricultura tem papel-chave para deter destruição do meio ambiente

25/04/2007 14h05

Roma, 25 abr (EFE) - O diretor-geral adjunto da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), Alexander Müller, disse hoje que "grande parte" do debate sobre a biodiversidade, a mudança climática e a bioenergia ocorre sem a participação efetiva do setor agrícola, que, no entanto, possui um papel-chave para deter a destruição do meio ambiente.

"A agricultura é, freqüentemente, responsável pelos danos ao meio ambiente. Mas, ao mesmo tempo, os camponeses devem ser considerados um elemento-chave para deter a destruição dos ecossistemas vitais", afirmou o responsável da FAO.

"Müller indicou que é preciso vontade política para reverter a destruição dos ecossistemas por meio de mudanças nas políticas e práticas agrícolas e nas instituições", afirmou.

"A agricultura precisa estar no centro das atenções, caso se queira conservar o equilíbrio ecológico do qual depende a atual geração e as gerações futuras, pois, caso não ocorram mudanças, a destruição do meio ambiente pode ameaçar a produtividade agrícola e a segurança alimentar", alertou o diretor-geral adjunto da FAO.

Boa parte do debate sobre biodiversidade, mudança climática e bioenergia está ocorrendo "sem a participação efetiva do setor agrícola e dos ministérios envolvidos", disse Müller, que considera "necessário mudar a situação".

Além disso, o responsável da FAO considerou que é urgente uma análise global dos problemas ambientais associados à agricultura e um marco estratégico para identificar os enfoques adequados do ponto de vista ecológico e econômico.

A FAO apresentou um relatório por ocasião da reunião do Comitê de Agricultura da organização, no qual indica que, apesar da aprovação de importantes acordos internacionais sobre o meio ambiente, as emissões de carbono continuam aumentando, as espécies se extinguindo e a desertificação é uma grave ameaça em muitos países.

Além disso, espera-se que a mudança climática acelere muitas das pressões que a natureza sofre, e o aumento previsto das monoculturas para produzir biocombustível "pode levar a uma aceleração da erosão da biodiversidade".

O Comitê de Agricultura da FAO, que se reúne de hoje até sábado, debaterá também a forma de reduzir o dano ao meio ambiente provocado pela criação de gado.

O setor de criação de gado tem um papel crescente na economia agrícola, e prevê-se que a produção mundial de carne chegará a 465 milhões de toneladas em 2050, enquanto a de leite superará a marca de 1 bilhão.

A criação de gado aumenta a pressão sobre muitos ecossistemas e contribui para os problemas ambientais, por isso é necessário tomar "atitudes drásticas" de tipo técnico e político para reduzir seu impacto na natureza, "levando em conta o crescimento previsto do setor", acrescentou Müller.