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Focos de epidemia atingem regiões da Bolívia na fronteira com Brasil

13/05/2007 21h00

La Paz, 13 mai (EFE).- Seis dos nove departamentos da Bolívia, inclusive na fronteira com o Brasil, estão afetados por surtos de malária, dengue, hantavírus, febre amarela e do vírus Mayaro, após os estragos causados pelas chuvas no início do ano, confirmou hoje o Ministério da Saúde do país.

O diretor nacional de Epidemiologia, René Barrientos, disse à agência Efe que estas doenças aparecem ou aumentam depois de desastres como as inundações devido ao aumento dos criadouros de mosquitos ou a migração de ratos das selvas para os vilarejos.

"As águas estão baixando, estamos em vigilância epidemiológica porque apareceram mais doenças", disse Barrientos. "Existe um limiar epidêmico de maior risco para a população".

Ele explicou que um dos principais departamentos afetados é Bení, na fronteira com Rondônia, que nos últimos meses sofreu as piores inundações em muitos anos causadas pelo fenômeno "El Niño".

Segundo Barrientos, um relatório sobre o estado epidemiológico do país, feito entre janeiro e 11 de maio deste ano, indica que a malária afetou em Bení cerca de 3.000 pessoas - o dobro de casos no mesmo período de 2006.

O diretor ponderou que, embora se trate de uma área endêmica em malária, "onde as pessoas estão acostumadas a conviver com a doença", a quantidade de casos está duplicando. Ela provavelmente foi a causa da morte uma menina de oito anos, na semana passada.

Também foram afetadas por diferentes focos as regiões de Santa Cruz, e mais os departamentos de Cochabamba, Chuquisaca, La Paz e Tarija.

No caso da dengue, durante o mesmo período, foi confirmada uma morte e 1.930 casos em nível nacional, a maioria no departamento oriental de Santa Cruz, que faz limite com Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Outras cinco pessoas também morreram de febre amarela, quatro delas na região tropical do departamento de La Paz.

Nos primeiros cinco meses do ano também houve 119 casos de leptospirose, a maioria em Chuquisaca; e 14 infectados com hantavírus em Tarija, Santa Cruz e em Cochabamba. Nestes casos, a causa foi a migração dos ratos da selva para os vilarejos rurais, disse Barrientos.

Em Chuquisaca, 12 pessoas foram contagiadas com a doença conhecida como febre de Mayaro, transmitida por um inseto da floresta. Os sintomas da doença se parecem muito com a dengue, mas ela é considera "benigna".

Os casos levaram o Governo a realizar uma campanha de vacinação em massa.

Os danos causados pelo fenômeno climático "El Niño" na Bolívia causaram prejuízos de US$ 443 milhões, segundo uma avaliação apresentada no final de abril pela Comissão Econômica para a América Latina (Cepal). A Defesa Civil boliviana calculou em 56 pessoas a quantidade de mortos e em quase 600.000 os desabrigados diretamente por causa das chuvas, secas ou as geadas.