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Plano chinês contra mudança climática evita compromissos concretos

04/06/2007 04h50

Pequim, 4 jun (EFE).- A China, o segundo maior poluidor do planeta atrás dos Estados Unidos, apresentou hoje seu primeiro plano para lutar contra a mudança climática, que não fixa objetivos concretos de redução das emissões de CO2, embora se comprometa a controlá-las.

"A China não considera aceitável que se imponham aos países em desenvolvimento compromissos em redução de emissões, mas fixa a meta de reduzir o consumo energético em 20% em 2010, o que diminuirá sua emissão de gases do efeito estufa", disse Ma Kai, ministro da Comissão Nacional de Reforma e Desenvolvimento (principal órgão de planejamento econômico).

O esperado plano da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, que possui objetivos já anunciados e estipula medidas para consegui-los, foi apresentado dois dias antes da Cúpula do G8 na Alemanha, que será assistida pelo presidente Hu Jintao e que abordará a mudança climática como assunto principal.

Ma reconheceu que a China vai tirar dos EUA o posto de principal emissor de CO2 do mundo em 2008 (segundo a Agência Internacional da Energia), mas disse o nível per capita de emissões seguirá sendo apenas de "uma quinta parte do americano".

Pequim está comprometido em mudar seu atual modelo de crescimento por um mais sustentável e com um maior peso das energias renováveis, das novas variedades de colheitas resistentes à seca e com maiores superfícies florestais, acrescentou.

Além disso, afirmou que a China necessita "urgentemente" da transferência de tecnologia dos países desenvolvidos para combater a mudança climática e adaptar-se a ela.

"Não vimos muita ação na ajuda financeira e técnica aos países em desenvolvimento (como estabelece o Protocolo de Kyoto). Esperamos que os países industrializados cumpram suas obrigações e dêem esse apoio", disse.

Além disso, advertiu que as companhias estrangeiras que investem em indústrias de alto consumo energético na China também são responsáveis pelas emissões do país.

Segundo Ma, a proposta da União Européia (UE) para evitar que a temperatura global se eleve em mais de 2 graus em relação ao ano 2000 "é uma prova de esforço, mas o número carece de base científica e requer mais estudos".

O novo plano chinês mostra a posição defendida por Pequim de que os países desenvolvidos e seus 200 anos de industrialização são os principais responsáveis pelo aquecimento global e, por isso, eles têm a "responsabilidade básica" de reduzir as emissões.

"A comunidade internacional deveria respeitar o direito dos países em desenvolvimento de se modernizar e se industrializar", disse Ma.

Segundo os últimos dados disponíveis, a China emitiu em 2004 o equivalente a 6,1 bilhões de toneladas de CO2, 75% procedentes da combustão de energias fósseis, como o carvão e o petróleo.