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ONU: falta muito para conscientizar líderes mundiais sobre desertificação

19/06/2007 21h45

Santo Domingo, 19 jun (EFE).- A luta contra a desertificação exige que os líderes mundiais estejam verdadeiramente conscientizados, mas "ainda há um longo caminho a percorrer" neste esforço, diz o coordenador para a América Latina e o Caribe da Convenção das Nações Unidas de combate à Desertificação, Sergio Zelaya.

Este longo caminho envolve não apenas os líderes dos países, mas também "os que fazem as leis, os Parlamentos", que em muitos casos permitem a existência de marcos legais que "favorecem a degradação das terras", acrescentou Zelaya.

O representante das Nações Unidas, que está em Santo Domingo para participar do 5º Fórum entre América Latina, Caribe e África para a luta contra a Desertificação, analisou o panorama atual da degradação dos solos, um problema que atinge 1,2 bilhão de habitantes.

Dois terços destas pessoas estão nas listas dos mais pobres do planeta, por isto "combater o problema da desertificação é combater o problema da pobreza" de países como Haiti ou de territórios subsaarianos, explicou Zelaya.

Com um comércio de produtos florestais que há dez anos movimentava US$ 90 bilhões, as contribuições à luta contra a desertificação ficaram em US$ 250 milhões por quatro anos, afirmou o especialista, que reivindicou "uma maior alocação de recursos" para empregar na luta contra este problema.

Ao mesmo tempo, Zelaya disse que são necessários mecanismos inovadores e uma cooperação internacional sustentável dos países subdesenvolvidos afetados que permitam administrar de forma eficiente os poucos recursos disponíveis.

Na opinião do representante da ONU, até pouco tempo o problema da desertificação não era prioritário para os países desenvolvidos, pois não se viam diretamente afetados, embora hoje "haja impactos visíveis, como o das migrações".

"Quando há um problema de degradação da terra, as pessoas têm que comer e então emigram", como no caso das migrações do México e da América Central em direção aos Estados Unidos e da África Subsaariana em direção a Espanha, Itália e Portugal, afirmou.

O especialista destacou o estreito vínculo existente entre a pobreza e a degradação da terra e afirmou que quando as duas circunstâncias acontecem, "possivelmente também acontecem os movimentos migratórios".

Outro fator que fez a percepção deste fenômeno mudar nos países desenvolvidos é o fato de muitos deles também terem sido afetados pela desertificação. É o caso da Itália e da Espanha, país que receberá em setembro a 8ª Conferência das Partes (COP-8).

No evento, que acontecerá em Madri, estarão reunidos representantes dos 191 países signatários da Convenção das Nações Unidas contra a Desertificação e a Seca.

Na opinião de Zelaya, a reunião - na qual o programa de trabalho da Convenção para os próximos dez anos será estabelecido - será importante porque os negociadores da África, da Ásia e da América Latina estarão "melhor preparados para defender, propor e apoiar assuntos de seu próprio interesse", do que quando o organismo foi criado em 1994.

São esperados maior alocação de recursos materiais e financeiros para a Convenção, e melhor articulação de políticas, programas e medidas de ação local como resultado da Conferência das Partes de Madri.