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China já pode provocar chuva artificial em um terço do território

Da Efe, em Pequim

27/07/2007 03h00

As autoridades da China, país que provoca com freqüência chuva artificial para aliviar secas, ajudar na extinção de incêndios, ou simplesmente eliminar as nuvens, afirmam que já podem gerar o fenômeno em um terço de seu território, segundo informou hoje a imprensa estatal.

Três milhões de quilômetros quadrados podem receber chuva artificial na China. O país que está preparando um grande centro nacional para a manipulação das condições atmosféricas, que será operacional a partir de 2010.

A chuva é provocada com o lançamento, de terra ou por avião, de cartuchos com iodeto de prata. A substância acelera a condensação das nuvens, explicou a agência estatal "Xinhua".

O iodeto de prata é um catalisador. Ao se ligar com as nuvens, ele gera uma reação química que libera o hidrogênio. Este, junto ao oxigênio da atmosfera, forma água. Segundo as autoridades, o método não altera a composição de água.

A China conta hoje com 7 mil canhões e 5 mil lança-foguetes para disparar o iodeto, segundo Wang Bangzhong, um dos principais diretores da administração meteorológica nacional.

O país é o que manipula com mais freqüência o clima no planeta, segundo reconhece o próprio Governo chinês.

A chuva artificial vai garantir céu claro e menor umidade do ar durante os Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008. A capital chinesa no verão costuma ser coberta por um nevoeiro que poderia prejudicar o evento esportivo e diminuir o rendimento dos atletas.

No total, a chuva artificial representou 11% das precipitações do ano passado na capital chinesa.

Além disso, Pequim aumentou em 2006 as reservas de seus açudes em 29 milhões de metros cúbicos graças à chuva artificial, segundo o Escritório de Manipulação do Tempo.

Segundo a organização ambientalista Greenpeace, a prática chinesa de usar com tanta freqüência a chuva artificial não chega a prejudicar o meio ambiente. "Mas é uma solução a curto prazo, que adia verdadeiras estratégias a longo prazo", disse à Efe Ailun Yang, chefe de campanha sobre clima e energia da entidade em Pequim.

"Não é uma opção 100% efetiva, e mostra que o Governo chinês pensa ainda em soluções rápidas", destacou Yang.

Além disso, ressaltou, o iodeto de prata usado pela China é uma toxina e pode ser prejudicial à saúde, apesar de as quantidades usadas serem pequenas demais para representar uma ameaça.

Para o Greenpeace, a idéia das autoridades de causar chuva artificial durante as três semanas dos Jogos Olímpicos 2008 mostra a péssima situação da atmosfera da cidade.