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Profilaxia contra malária em bebês aumenta risco de recaída mais grave

Da Efe, em Madri

30/07/2007 17h42

A administração de tratamentos profiláticos contra a malária em bebês com menos de um ano acelera o sistema imune contra a doença, mas ao mesmo tempo favorece um maior risco de ter recaída em sua forma mais grave, segundo um estudo.

A pesquisa foi feita pelo Consórcio Internacional de Tratamento Intermitente da Malária, que reúne 17 centros internacionais com financiamento da Fundação Bill & Melinda Gates sob o auspício do Unicef e da Organização Mundial da Saúde (OMS).

O trabalho, publicado nesta segunda-feira pela revista digital "PLoS Medicine", expõe os resultados de uma pesquisa realizada com 415 crianças entre 1995 e 1999 em Ifakara (Tanzânia), uma zona endêmica de malária.

Durante o primeiro ano de vida, as crianças receberam de forma continua o profilático Deltaprim.

A redução da exposição dos bebês aos antígenos do "Plasmodium falciparum", o parasita mais mortífero da malária, por meio de medicação preventiva, parece acelerar o sistema imunológico contra a doença. Por outro lado, também foi comprovado que causa maior risco de desenvolver depois formas graves de malária e anemia.

Um dos autores da pesquisa, John J. Aponte, da Unidade de Bioestatística do CRESIB, explicou à Efe que a incidência de malária clínica nas crianças que tinham recebido Deltaprim antes de completar um ano continuou mais alta até que completarem os 3 anos, aproximadamente.

O teste permitiu avaliar o efeito da idade no desenvolvimento da imunidade contra a malária e a necessidade de ferramentas de controle contra a doença que diminuam o risco dos lactentes de padecer da forma mais severa e de anemia durante o primeiro ano de vida.

Para chegar a estas conclusões, a equipe fez estudos em Ifakara entre 1999 e 2001 para analisar a conveniência de profilaxias em menores de um ano devido às recaídas que aconteciam.

Desde 2001, uma equipe de mais de 250 pessoas testam no Centro de Pesquisa em Saúde de Manhiça, em Moçambique, uma vacina para combater a doença, que na África Subsaariana mata mais de 3.000 pessoas por dia.

A doença é especialmente grave nessa região, porque ali vive o mosquito "Anopheles gambiae", que além de preferir o sangue humano ao de animais, transporta o tipo mais mortífero de parasita, o "Plasmodium falciparum".

Segundo as estimativas, este ano a malária afetará cerca de 500 milhões de pessoas, dos quais 1 milhão morrerá, a maioria menores de 5 anos e 90% na África.