Topo

Cientistas descobrem molécula em plantas relacionada a fertilização

Da Efe, em Madri

02/08/2007 15h00

Uma equipe de cientistas identificou a primeira molécula em plantas que controla a explosão do tubo polínico, o que melhorará o conhecimento da fertilização vegetal, informou nesta quinta-feira o principal autor da pesquisa, o colombiano Juan Miguel Escobar.

"Podemos dizer que o óvulo e o tubo polínico se comunicam por meio de moléculas, e esta comunicação ajuda na fertilização e na formação de sementes", acrescentou o especialista, cujo trabalho foi publicado no último número da revista "Science".

O estudo foi realizado por uma entidade científica da Suíça.

Escobar, membro da Universidade de Zurique (Suíça), destacou a relevância da pesquisa para "a humanidade, pois a maior parte da alimentação provém do evento da fertilização em plantas".

Os cientistas trabalharam com o gene mutante feronia da planta Arabidopsis thaliana. O feronia, que faz referência à deusa etrusca da fertilidade, danifica um gene que codifica uma proteína do tipo receptor.

O mutante foi gerado em laboratório pelos cientistas para identificar genes com relevância na reprodução das plantas, acrescentou.

Escobar afirmou que, normalmente, uma vez que o tubo polínico (que carrega as duas células espermáticas) faz contato com o óvulo, este deixa de crescer e explode, descarregando seu conteúdo dentro de uma célula especial do óvulo, um requisito necessário para a fertilização das plantas.

"No mutante feronia o tubo polínico não consegue explodir dentro da célula correspondente do óvulo, onde este continua crescendo, mas sem conseguir fertilizar", explicou.

O gene feronia se expressa em células complementares, e sua proteína se localiza na membrana plasmática destas, funcionando como um receptor do tubo polínico.

Em outras palavras, "este receptor funciona como uma fechadura; uma vez que entra em contato com uma chave compatível do tubo polínico, acende um mecanismo na célula correspondente que induz a explosão do tubo polínico", segundo o especialista.

"Quando a fechadura é defeituosa, como ocorre no mutante, a interação não ocorre, e por ali o tubo polínico não explode", explicou Escobar.

Os investigadores também trabalharam com alguns cruzamentos nos quais os tubos polínicos pertencem a uma espécie diferente a dos óvulos e comprovaram que, "quando a chave e a fechadura são de espécies diferentes, a interação não acontece, e por ali a fertilização não ocorre".

Isso indica que seria possível transferir o gene de uma espécie para outra, e assim fazer com que nestes cruzamentos a recepção do tubo polínico seja compatível.

No momento, as investigações pretendem realizar experimentos deste tipo e "buscar a molécula ou moléculas do tubo polínico que possam interagir com a fechadura feronia", acrescentou.