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Ambientalistas protestam contra Angra III e chamam Lula de "genocida"

Da Efe, em Brasília

08/08/2007 14h58

ONGs e parlamentares protestaram hoje contra os planos de construção da usina nuclear de Angra III, cujas obras podem começar ainda este ano, segundo o Ministério de Minas e Energia.

O Greenpeace, o World Wildlife Fund (WWF) e a S.O.S Mata Atlântica, organizaram a manifestação com 200 ativistas, em clima festivo, em frente ao Palácio do Planalto.

Os manifestantes deitaram no chão da Praça dos Três Poderes, formando a frase "Nuclear Não" para protestar contra a retomada das obras de construção de Angra III, paradas há 20 anos.

O deputado Edson Duarte (PV-BA), que apoiou a manifestação, disse que o Programa Nuclear Brasileiro é "inseguro" e qualificou a construção da usina de "inoportuna, equivocada, arriscada e perigosa".

Os ativistas lembraram com cartazes o lançamento de duas bombas nucleares sobre Hiroshima e Nagasaki - que completam 62 anos esta semana - e a explosão na usina soviética de Chernobil, em 1986.

Além disso, os participantes entregaram um documento com reivindicações a um grupo de parlamentares, que prometeram enviá-lo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Um representante do Greenpeace, Claudio Sideral, alegou que Angra dos Reis (RJ), onde será construída a nova usina, e que já possui Angra I e Angra II, "não tem um plano de evacuação" para o caso de um hipotético acidente nuclear.

Com um megafone, Sideral gritou que, por não cuidar da segurança dos moradores da região, "Lula é um genocida", sendo amplamente aplaudido pelos manifestantes, que animaram todo o ato com apitos e tambores.

Recentemente, Lula disse que a energia nuclear é "limpa", apoiando a construção da usina para diversificar ao máximo a matriz energética brasileira.

O projeto de Angra III foi retomado em junho. O Governo prevê que a central esteja em funcionamento em um prazo de cinco anos e que deva gerar 1.369 megawatts.

A terceira usina nuclear do país, na qual foram investidos R$ 1,5 bilhão em uma primeira fase paralisada há duas décadas, exigirá novos investimentos de R$ 7,2 bilhões, de acordo com cálculos do MME.

Além de Angra III, o Governo estuda há meses um projeto para construir entre quatro e oito novas usinas nucleares até 2030.