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Brasil diz que combate a mudança climática, mas não aceita metas de emissões

Eduardo Plastino, de Viena

27/08/2007 10h00

O Brasil faz esforços para combater o aquecimento da atmosfera terrestre, mas não está disposto a aceitar metas para diminuir suas emissões de gases do efeito estufa em um acordo que suceda o Protocolo de Kioto, disse hoje em Viena à agência Efe José Domingos Miguez, secretário-executivo da Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima.

A imposição de metas para países em desenvolvimento equivaleria a "desvirtuar" o Protocolo de Kioto, cuja vigência termina em 2012 e que destaca a maior responsabilidade histórica das nações desenvolvidas para o aquecimento global, afirmou Miguez.

O secretário-executivo participa de reunião técnica da Convenção Marco da ONU sobre Mudança Climática (UNFCCC, sigla em inglês) que é realizada esta semana na capital austríaca como preparação para o encontro internacional de líderes políticos que acontecerá no fim do ano, em Bali.

No terceiro mundo, afirmou Miguez, "parte da população está fora do mercado", e as emissões de gases do efeito estufa decorrem, em grande medida, de um processo de desenvolvimento. Já as nações ricas são responsáveis pelo atual processo de aquecimento global, pois se industrializaram antes - entre o final do século XVIII e a primeira metade do XIX.

Entre os esforços que o Brasil está fazendo, acrescentou, encontra-se uma grande diminuição no nível de emissões provocadas pelas queimadas em florestas, disse Miguez.

No Brasil, as queimadas florestais são responsáveis por cerca de três quartos das emissões de dióxido de carbono (CO2) e pela metade das emissões totais de gases que provocam o efeito estufa.

O secretário-executivo lembrou que o Brasil também participa de 32 projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), iniciativa do Protocolo de Kioto por meio da qual as nações ricas ganham créditos para suas emissões ao financiar ações que reduzam as emissões nos países em desenvolvimento.