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Corpo descoberto em igreja peruana pode ser de príncipe inca

Da Efe<br>Em Lima

13/09/2007 12h44

Uma cripta com as características próprias de um enterro inca, encontrada na igreja de San Cristóbal del Cuzco, no Peru, pode conter os restos mortais do príncipe Paullo Inca, filho do Inca Huayna Cápac. Se a hipótese for confirmada, será o primeiro nobre inca já descoberto.

A historiadora espanhola María del Carmen Martín Rubio, estudiosa da vida do personagem, irmão do Inca Atahualpa, derrotado pelos conquistadores espanhóis, abriu nesta semana duas criptas que supostamente cobrem os restos do antigo líder inca.

"Aberto o túmulo, aparece um homem dentro de uma orla de pedras de cantos arredondados, material de grande importância na construção inca que demonstra a hierarquia do sepultado", explicou a historiadora.

Ela acrescentou que junto ao esqueleto havia outro, aparentemente de uma mulher adolescente --as jovens eram "as preferidas pelos incas". Também foram encontrados dois corpos femininos adultos e dois de crianças de 1 a 3 anos de idade.

"Tudo isso forma um contexto funerário que corresponde à forma como os incas enterravam os seus mortos", disse Martín. Ela lembrou que, para aquela civilização. "morrer significava passar para outra vida". "Por isso, eles se faziam acompanhar sempre pelas suas mulheres, por quem seriam servidos no outro mundo, e purificavam sua vida sacrificando duas crianças pequenas", acrescentou.

Outro indício é o fato de que todos os corpos estão voltados para Qorikancha, o templo do sol.

"Além disso, o antropólogo físico Mario Millones, que esteve trabalhando na região, comprovou que a idade de Paullo coincide com a dos achados, e que o crânio é de um homem andino", detalhou a historiadora.

O contexto funerário apresenta também alguns sinais de um enterro católico, religião a que Paullo Inca se converteu após a chegada dos espanhóis, com quem colaborou. Os braços dos esqueletos estão dispostos em cruz, e as criptas foram achadas sob o altar da igreja de San Cristóbal.

Para comprovar a autenticidade, falta comparar o DNA do esqueleto com o de outro situado no convento de Santo Domingo de Cuzco (antigo Qorikancha), que, segundo Martín, poderia ser de Túpac Amaru 1º, sobrinho de Paullo Inca.