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Experiências com cabos superfinos devem continuar, dizem agências espaciais

Da Efe<br>Em Moscou

25/09/2007 19h16

A Agência Espacial Européia (ESA) e a sua equivalente russa Roscosmos asseguraram que o fracasso registrado nesta terça-feira não impedirá a continuação das experiências para trazer à Terra cargas vindas de satélites em órbita com ajuda de cabos superfinos.

"Estou convencido de que esta tecnologia tem potencial e tenho certeza de que os experimentos para trazer cargas em órbita com ajuda de cabos continuarão", disse Christian Feichtinger, chefe da missão da ESA na Rússia, à agência "Interfax".

Aleksander Vorobiev, porta-voz da Roscosmos, afirmou que a experiência "pode ser considerada um sucesso parcial" pelos valiosos dados técnicos obtidos em seu curso, apesar da perda da cápsula com a carga útil.

Konstantin Yolkin, especialista do Instituto Científico de Construção de Maquinaria russo, garantiu que esse experimento é "um projeto muito ousado da ESA" e que a "Rússia continuará participando (do projeto)".

"A ESA assumiu conscientemente este risco, pois das 20 experiências com cabos realizados até agora só 60% foram razoavelmente bem-sucedidas", disse.

A Roscosmos informou horas antes que a falha de um equipamento europeu tinha feito a experiência fracassar, na qual se utilizou um cabo superfino e ultraleve de polietileno de 30 quilômetros de comprimento.

Segundo o projeto, desenvolvido pela ESA, a cápsula Fotino devia separar-se do satélite russo Foton-M3 a 30 quilômetros de distância e girar ao redor dele atada pelo cabo.

No momento necessário, o cabo seria cortado de forma automática nas duas extremidades, e a cápsula entraria na atmosfera no ângulo e na trajetória necessários para descer até a Terra em um pára-quedas que se abriria a cinco quilômetros de altura.

No entanto, o cabo se desenrolou numa velocidade inferior à programada e por um comprimento de só 8,5 quilômetros, em vez dos 30 previstos.

No instante da operação, Fotino encontrava-se em órbita entre 260 e 300 quilômetros de altura. Como resultado, a cápsula, que pesa seis quilos, não entrou na atmosfera e tornou-se "lixo espacial".

"A experiência fracassou. É a ESA que deve explicar por que o cabo se desenrolou a uma velocidade de 5 metros por segundo, em vez de 12", afirmou Nikolai Sokolov, chefe do programa de vôo do satélite Foton-M3.

A empresa russa Progress, fabricante do Foton, disse que "o satélite funcionava normalmente, mas um dos equipamentos responsáveis por desenrolar o cabo falhou".

Sokolov declarou que, mesmo assim, a experiência é útil e inclusive "pode ser um novo recorde", pois durante os testes que a antecederam - também fracassados - o cabo tinha se desenrolado a uma distância máxima de apenas 4,5 quilômetros.

"Definitivamente, recebemos informação muito valiosa sobre o sistema de cabo em condições de vôos espaciais", resumiu Vorobiev.

Feichtinger expressou a mesma opinião ao destacar que "os resultados obtidos confirmam que a tecnologia funciona, embora ainda não inteiramente".

A experiência, denominada "YES" (Young Engineers' Satellite), foi desenvolvida no centro científico holandês da ESA com a participação de mais de 500 estudantes de universidades de países da União Européia (UE) e da Rússia.

Segundo especialistas da ESA, a intenção é resgatar a partir da órbita pequenas cargas com resultados de experiências e testar a tecnologia para alterar as órbitas dos satélites sem usar os motores de foguetes e naves espaciais.