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Pesquisadores descobrem que as aranhas têm seu próprio Kama Sutra

Gemma Bastida<br>De Barcelona

29/10/2007 11h22

As aranhas têm seu próprio Kama Sutra, levando-se em conta a grande variedade de posições que adotam no momento de copular, diz um estudo realizado pelo Conselho Superior de Pesquisas Científicas (CSIC) da Espanha.

O Kama Sutra, a arte de "fazer amor", é um antigo texto hindu escrito pelo sábio Maharshi Vatsyayana, considerado o relato erótico mais antigo do mundo, no qual são descritas dezenas de posturas sexuais, algumas próximas das acrobacias, que podem ser praticadas durante o ato sexual.

A multiplicidade de posições durante o momento de reprodução, no entanto, parece não ser uma exclusividade dos humanos, pois o estudo espanhol mostra que as aranhas também abandonaram ao longo dos anos a monotonia e já conhecem mais de uma dezena de "posições sexuais".

Esta é a conclusão que destacou à Agência Efe o entomologista Jordi Moya, pesquisador da Estação Experimental de Zonas Áridas do CSIC e cuja especialidade são "as aranhas e sua comunicação como amantes e canibais".

Algumas das posturas dos aracnídeos lembram claramente certas posições do Kama Sutra, como o famoso "69", que permite a prática do sexo oral mútuo de forma simultânea, e que em algumas ocasiões parece ser colocada em prática pelas aranhas, com o macho e a fêmea posicionados ventre com ventre, mas cada um em uma direção diferente.

"Elas têm seu próprio Kama Sutra", afirmou Moya, que indicou que as posturas sexuais destes insetos de oito patas evoluíram ao longo das décadas, embora ainda se desconheça por que utilizam uma ou outra posição.

Nada mais distante da monotonia e da placidez, pois, além do singular posicionamento sexual das aranhas, as fêmeas ainda praticam o canibalismo e muitos machos morrem em suas garras "antes, durante e depois" de copular.

Ainda não foi esclarecido o motivo que leva as aranhas fêmeas a literalmente devorar o sexo oposto, mas alguns estudos apontam que o canibalismo pode ser um ato de "rejeição" diante do "assédio" de vários machos ou, simplesmente, uma forma rápida, embora cruel, de obter uma nova fonte de nutrientes.

De qualquer maneira, a experiência levou os machos a agir com cautela e a adotar medidas de segurança e precaução, algumas delas muito engenhosas, para evitar morrer nas garras das fêmeas, que além de famintas são maiores.

Algumas espécies de aranhas, como a Pisaura mirabilis, procuram as fêmeas no momento de reproduzir sempre com uma presa morta e envolvida delicadamente como presente.

Com isso, o macho sabe que enquanto sua parceira estiver comendo, ele pode copular tranquilamente, pois não será alvo de ataques.

Outros aracnídeos enrolam as fêmeas em sua teia antes de iniciar a copulação, uma ação que pode se confundida com o sadomasoquismo, mas que não passa de pura sobrevivência.

Este instinto - que existe em qualquer ser vivo - evoluiu nos aracnídeos a ponto de agora os machos escolherem suas parceiras, segundo as últimas pesquisas deste cientista.

E no momento de escolher eles preferem as pequenas, porque são menos ofensivas, virgens, mais receptivas e "gordinhas", porque são menos vorazes.

Tudo é válido para se manter com vida após o ato sexual.