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Ban Ki-moon defende "economias verdes" para combater mudança climática

Carlos Santamaría<br>Nusa Dua

12/12/2007 12h25

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, defendeu hoje um futuro de "economias verdes" e desenvolvimento sustentável, ao inaugurar a reunião de ministros do Meio Ambiente da 13ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática.

Em seu discurso na ilha indonésia de Bali, Ban disse que o problema é "tanto um desafio quanto uma oportunidade".

"Se formos criativos, poderemos conter seus efeitos", afirmou.

Mas ele alertou que "já não há tempo para o erro, por isso é preciso agir agora. Caso contrário, o preço da negligência será enorme".

Ban afirmou que a luta contra a mudança climática não é incompatível com o crescimento econômico, principalmente o dos países em desenvolvimento, que, segundo ele, são os que mais sofrem os efeitos do aquecimento global.

Para o secretário-geral, no entanto, a origem das emissões não deveria ser distinguida.

"A mudança climática atinge todos nós, mas não da mesma maneira", afirmou, referindo-se à queixa dos países em desenvolvimento de que são eles os que arcam com as conseqüências da maior quantidade de emissões de poluentes dos países industrializados.

Segundo Ban, os países mais ricos têm a "obrigação ética" de reparar essa "injustiça". Ele pediu que liderem os esforços para reverter a situação atual e dêem incentivos para que as nações mais pobres possam combater o problema sem reduzir seu crescimento econômico.

Em entrevista coletiva posterior, Ban evitou falar de prazo para que os Governos imponham metas de contenção obrigatórias em suas emissões de gases que causam o efeito estufa.

A mesma postura foi defendida pelo secretário-executivo da Conferência da ONU sobre Mudança Climática, o holandês Yvo de Boer, que afirmou que o objetivo de Bali é elaborar um plano para as negociações que devem começar em 2008 e terminar em 2009 para um documento que substitua o Protocolo de Kioto, que expira em 2012.

Perguntado insistentemente sobre quando será necessário o consenso sobre os limites obrigatórios, De Boer se limitou a expressar: "Quanto mais rápido, melhor." Na abertura das reuniões, Ban estava acompanhado pelo novo primeiro-ministro australiano, o trabalhista Kevin Rudd, que na semana passada ratificou o Protocolo de Kioto após derrotar os conservadores nas eleições legislativas.

Rudd anunciou que a Austrália, apesar de ser um dos maiores produtores mundiais de carvão, reduzirá em 60%, até 2050, suas emissões de poluentes em relação aos níveis de 2000. O país também aumentará em 20%, até 2010, a percentagem de sua provisão energética procedente de meios renováveis.

"Agora a Austrália está disposta a assumir sua responsabilidade em responder a este desafio, tanto no próprio país quanto nas negociações na comunidade internacional", afirmou Rudd.

A mudança de postura australiana deixou os Estados Unidos sozinhos na oposição ao Protocolo de Kioto. A postura firme dos americanos em não aceitar metas de redução de poluentes representa um dos principais obstáculos das negociações iniciadas hoje pelos ministros do Meio Ambiente.

Outro obstáculo a ser tratado na conferência, que termina na sexta-feira, é a exigência dos países em desenvolvimento de que não sejam impostas sobre eles metas de redução de poluentes que contenham seu crescimento econômico.