Topo

Cientistas afirmam que "homem de Flores" era indivíduo com malformações

Da EFE<br>Em Barcelona

08/01/2008 19h52

O homem da ilha indonésia de Flores que viveu há 18 mil anos e media um metro era um indivíduo com malformações e não o representante de uma nova espécie, segundo Meike Köhler e Salvador Moyá, cientistas do Instituto Catalão de Paleontologia (ICP).

Em artigo publicado na revista científica "Trends in Ecology and Evolution", eles afirmam que as particularidades do esqueleto do Homo floresiensis não se devem a adaptações ao seu habitat, como diversos paleontólogos acreditam, mas sim a malformações "que não permitiam que fossem bons caçadores".

Em outubro de 2004, a revista "Science" publicou um trabalho da americana Dean Falk que indicava que os restos de um indivíduo de um metro de altura e com um crânio pequeno, que teria vivido na ilha de Flores há 18 mil anos, não eram de um homem moderno afetado por nanismo ou microcefalia.

Segundo ela, o esqueleto era o resultado da evolução do Homo erectus.

O Homo floresiensis é o nome dado pelos paleontólogos aos restos fósseis de um grupo de indivíduos encontrados na ilha de Flores, com um corpo de um metro de altura, 25 quilos de peso e um crânio extremamente pequeno.

Seus descobridores afirmam que o "homem de Flores" teria vivido há 18 mil anos e sido contemporâneo do Homo sapiens e que suas pequenas dimensões poderiam ser explicadas pela adaptação à vida insular.

Os paleontólogos do ICP, no entanto, dizem no artigo que as características do esqueleto encontrado na ilha de Flores "não seguem os padrões próprios das espécies de mamíferos adaptadas à vida em ilhas", que Köhler e Moyá dizem seguir três características básicas.

A primeira delas seria uma redução dos órgãos sensoriais e motores e das áreas relacionadas.

"Por exemplo, os olhos e as conchas são menores do que corresponderia a um animal de dimensões normais, mas este não é o caso do 'homem de Flores', que mantém a categoria de dimensões próprias do Homo sapiens, já que possui olhos pequenos em conformidade com suas dimensões reduzidas".

Estes especialistas acreditam que os ossos do "homem de Flores" possuem uma série de características que dificultavam sua mobilidade, como o pouco desenvolvimento muscular, um úmero (osso do braço) e uma tíbia (osso da perna) malformados, além de assimetrias entre as partes esquerda e direita do crânio.

Segundo os paleontólogos, "para dizer que o 'homem de Flores' era um anão, alega-se que o elefante anão do gênero Stegodon apareceu também nesta ilha (de Flores)".

Mas, segundo Köhler, "este tipo de elefante se extinguiu há 800 mil anos e até agora não foi encontrada qualquer prova de que o Stegodon anão existisse há 18 mil anos".

Neste período ocorreu a última grande glaciação, que gerou uma queda no nível dos oceanos "e, portanto, o 'homem de Flores' com certeza não estava completamente isolado; por isso, o argumento de que sua estranha morfologia era fruto de uma adaptação à vida insular não tem fundamento", segundo Köhler e Moyá.