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Relatório revela forte aumento de emissões de dióxido de carbono na China

Da EFE<br>Em Washington

11/03/2008 03h33

O aumento das emissões poluentes de dióxido de carbono na China é maior do que o que se acreditava, e dificulta os esforços para estabilizar os gases estufa na atmosfera, revelaram hoje pesquisadores da Universidade da Califórnia.

Segundo os cientistas, os cálculos anteriores, incluindo os do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, indicavam que a região que inclui a China registrará um aumento anual entre 2,5% e 5% nas emissões de dióxido.

Esse aumento, entre 2004 e 2010, a transforma na maior contribuinte de gases estufa na atmosfera.

No entanto, a análise realizada pelos cientistas da Universidade da Califórnia indica que na realidade o ritmo de crescimento anual de emissões de CO2 por parte da China é de pelo menos 11% no período citado.

Segundo a maioria dos cientistas, a acumulação de gases estufa na atmosfera é a principal origem do gradual aumento das temperaturas em todo o planeta.

O estudo, disponível na internet, será publicado em maio pela revista "Journal of Environmental Economics and Management".

De acordo com os cientistas, sua previsão mais conservadora indica que para 2010 a China registrará um aumento de 600 milhões de toneladas métricas de emissões de carbono sobre os níveis de 2000.

Este aumento ofuscará de forma considerável as 116 milhões de toneladas métricas anuais de redução que prometeram os países desenvolvidos no Protocolo de Kioto.

Os pesquisadores também afirmam que esse aumento anual nos próximos anos será superior às emissões atuais produzidas pelo Reino Unido ou a Alemanha.

Sobre a base de seus estudos, os cientistas assinalam que as previsões sobre aquecimento global são "excessivamente otimistas", e que é urgente tomar medidas para reduzir a produção de gases estufa não só na China, mas também em outros países que estão se industrializando rapidamente.

Segundo Maximillian Auffhammer, professor de agricultura e recursos econômicos da Universidade da Califórnia, o relatório põe em xeque a crença de que só as medidas tomadas pelas nações ricas e industrializadas constituem "uma estratégia viável" para estabilizar os níveis de dióxido de carbono na atmosfera.

"Agora é ainda mais importante que a China e outros países em desenvolvimento sejam parte integral de um futuro acordo climático", manifestou.

Auffhammer indicou que se acreditava que a eficiência na geração energética da China continuaria melhorando junto com sua renda per capita, o que permitiria frear o aumento das emissões.

"Mas por outro lado, o que estamos descobrindo é que o ritmo no aumento de emissões supera nossas piores expectativas, e isso significa que o objetivo de estabilizar o CO2 atmosférico vai ser muito mais difícil de conseguir", indicou.

Para obter um panorama detalhado das emissões de dióxido de carbono na China, os cientistas utilizaram informação fornecida pelas províncias do gigante asiático até 2004.

Isso explicaria as diferenças nos resultados de outros estudos que usaram informação de quase uma década, segundo assinalaram.

"Todos estiveram tratando a China como um só país, mas apenas uma de suas províncias é maior que muitas nações européias, tanto em tamanho geográfico como em população", disse Richard Carson, professor de economia da Universidade da Califórnia, em San Diego.

Os cientistas indicam que outro fator, detectado a partir de 2000, é de que o Governo chinês transferiu a responsabilidade de construir novas usinas energéticas às autoridades provinciais.

Estas têm menos incentivos e recursos menores para construir usinas mais limpas e mais eficientes que só representam uma economia de dinheiro a longo prazo, mas cuja construção é mais onerosa.

"As autoridades (da China) abandonaram a eficiência energética como objetivo em favor de aumentar a geração o mais rapidamente possível e da maneira mais barata possível", manifestou Carson.