Topo

Ativista Vandana Shiva chama modelo de desenvolvimento indiano de catástrofe

06/07/2008 10h56

Zaragoza (Espanha), 6 jul (EFE).- A ativista indiana VandanaShiva definiu hoje como uma catástrofe o modelo de desenvolvimentoeconômico da Índia, pois funciona apenas "para algumas pessoas"enquanto milhões "comem menos e têm menos água".

Em entrevista concedida à Agência Efe em Zaragoza, na Espanha, aescritora e cientista criticou duramente o desempenho da economia domundo em geral, mas particularmente da Índia.

No caso de seu país, disse que o que muitos consideram um milagreeconômico é um desastre, principalmente porque aconteceu à custa danatureza, de seus processos ecológicos e dos ecossistemas vitais.

Shiva acredita que a evolução da economia indiana nos últimosanos, com crescimento que alcança 9%, é "muito violento" e "umacatástrofe", pois só funciona para "algumas pessoas que seapropriaram do mundo de milhões de pessoas, de sua forma de vida, desua água e inclusive de sua terra".

Enquanto isso, milhões de pessoas "comem menos e têm menos águapara beber", muitas comunidades são obrigadas a deixar suas terraspara que outra fábrica possa se instalar e milhares de produtoresrurais lutam nos arredores de Nova Délhi contra os projetos detransformar suas terras em zonas urbanas, denunciou.

Outra questão citada por Shiva é a crise mundial de alimentos.

Segundo a ativista, essa é uma "crise de especulação edistribuição" causada "pelo homem" e que se baseia na "falsaintegração das economias locais em uma economia global", onde "cincogigantes controlam os preços em nível mundial".

Shiva também afirmou que o desenvolvimento de biocombustíveistambém tem sua parcela de culpa no crescimento da demanda decereais, inclusive mais do que o aumento da população.

"É o momento de o crescimento econômico deixar de serecologicamente cego e voltar a suas raízes", disse Shiva, que ficoufamosa nos anos 70 ao impedir a derrubada indiscriminada deflorestas de seu país com seus abraços às árvores, junto comcentenas de mulheres do movimento "chipko".