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Um em cada 17 habitantes do Mediterrâneo pode ter raízes fenícias

Da Efe<br>Em Washington

30/10/2008 20h52

Uma pesquisa feita com métodos de análise genética e publicada hoje pela revista "American Journal of Human Genetics" disse que um em cada 17 habitantes da região do Mediterrâneo provavelmente tem raízes fenícias.

Segundo os cientistas do Genographic Projetic, os fenícios não deixaram apenas seu alfabeto ao mundo, mas também muitos de seus genes.

Chris Tyler-Smith, do The Wellcome Trust Sanger Institute e cientista do Genographic, declarou que no início do estudo não se sabia nada da genética dos fenícios.

"Tudo o que tínhamos para nos guiar era a história. Sabíamos onde tinham se estabelecido e aonde não tinham chegado", explicou.

No entanto, com a ajuda da genética moderna, foi possível situar quem são os descendentes "desse povo extinto".

Considerados os primeiros "capitalistas globais", os fenícios controlaram durante quase mil anos o comércio em toda a região do Mediterrâneo, incluindo o norte da África, onde fundaram Cartago.

Seu apogeu durou até o século II a.C., quando caíram diante do Império Romano. Nos séculos seguintes, muito do que restou desse povo se perdeu ou foi destruído.

O novo método analítico buscou características genéticas em homens modernos por meio do cromossomo "Y", que se apresenta exclusivamente nos homens.

Tais características foram mais comuns em regiões por onde passaram os fenícios do que em outras onde eles nunca viveram.

Segundo o relatório, o estudo incluiu habitantes desde a costa do Líbano até a da Espanha.

Daniel Platt, do Centro de Pesquisa IBM T.J. Watson, disse no estudo que os resultados mostram que os assentamentos fenícios estão marcados por uma característica genética diferente da que deixaram outros grupos.

Em seu conjunto, as características dos fenícios teriam contribuído em pelo menos em 6% para os povos modernos.

Uma criança em cada escola, desde o Chipre até a Tunísia, pode ser um descendente direto dos comerciantes fenícios.

"Isto demonstra que estes assentamentos, alguns dos quais sobreviveram centenas de anos, deixaram um legado genético que persiste nos tempos modernos", afirmam os cientistas.

Para o pesquisador Pierre Zalloua, o estudo esclarece "uma magnífica parte do legado que tinha sido enterrado ou esquecido".