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Embrião da primeira cidade espacial faz aniversário, com planos de ampliação

Orlando Lizama<BR>Em Washington (EUA)

20/11/2008 10h02

Ela é o embrião da primeira cidade humana no espaço, está a apenas 400 quilômetros da Terra, ocupa o tamanho de seis quadras de basquete e parece uma borboleta com as asas abertas: esta é a Estação Espacial Internacional (ISS), que hoje completa 10 anos na órbita terrestre.

A ocasião será celebrada pelos atuais três ocupantes do complexo, a quem se juntarão os sete tripulantes da nave "Endeavour", que durante quatro caminhadas espaciais montarão novos equipamentos e instalações para ampliar seu espaço habitável.

A ISS é um projeto de cooperação internacional no qual participam a Nasa, a Agência Espacial da Rússia, a Agência Espacial do Canadá, a Agência de Prospecção Aeroespacial do Japão, assim como 11 membros da Agência Espacial Européia (ESA).

"Foi uma tremenda façanha tecnológica. Só é igualada em nível de perseverança e cooperação de quem participou da obra", disse Mike Suffredini, diretor do programa da estação espacial no Centro Espacial Johnson da Nasa, em Houston (Texas).

"Apesar de seu custo inicial de US$ 100 bilhões ter sido superado, além da data para ficar pronta, que era 2006, com sua construção tivemos que superar as diferenças de idioma, de geografia e de conceitos de engenharia", acrescentou.

Neste momento, o complexo viaja em uma órbita a quase 400 quilômetros da Terra e está em processo de se transformar em um "hotel de luxo", que poderá receber em maio até seis ocupantes simultaneamente.

Após dez anos de visitas das naves americanas e das naves de carga russas, a estação possui uma massa de cerca de 300 toneladas e tem volume interior de mais de 700 metros cúbicos, "com uma capacidade e um tamanho que hoje são verdadeiramente assombrosos", assinala Suffredini.

O dia 20 de novembro de 1998 marcou a chegada à órbita terrestre do módulo russo "Zarya", que constituiu a base sobre a qual começou a crescer o que é agora a ISS.

Desde então, a incipiente plataforma do homem no espaço recebeu 29 visitas de naves, todas elas com equipamentos projetados e construídos pelos países participantes para aumentar sua estrutura.

Além disso, o complexo foi visitado por 167 astronautas e cientistas representando 14 países e, segundo os cálculos da Nasa, suas tripulações consumiram mais de 19.000 refeições desde que chegou o primeiro ocupante permanente em 2000.

"É importante celebrar esta ocasião, porque assim destacamos o que pode ser feito em um ambiente de paz", disse à Agência Efe Kylie Clem, porta-voz da Nasa em Washington.

"Além disso, é um reconhecimento de 10 anos de trabalho duro e um momento para lembrar que ainda resta muito a ser feito", assinalou.

Após 114 caminhadas espaciais, a viga central da "Zarya" tem agora um comprimento de quase 100 metros e seus painéis solares cobrem uma superfície de 2.679 metros quadrados.

Além disso, conta com 19 instalações para pesquisa científica, nove delas patrocinadas pela Nasa, oito pela ESA e duas pela agência espacial japonesa.

"Com a ISS aprendemos tantas coisas, e vamos aplicar esses conhecimentos para ir à Lua e a Marte", prometeu Mike Fincke, comandante da expedição número 18 da ISS.

"Tudo o que aprendemos tão perto de casa, a apenas 400 quilômetros do planeta, poderemos aplicar na Lua, a uma distância de quase 400.000 quilômetros", acrescentou.

Segundo Clem, na realidade não existe uma data precisa para terminar a construção da ISS, mas a contribuição dos EUA se verá reduzida a partir de 2010 quando a Nasa aposentar sua atual frota de três naves, que foram o cordão umbilical do complexo.

"Essas naves serão substituídas a partir de 2015 pelas do programa 'Constellation', com o que haverá mais tempo para trabalhar de forma conjunta e tirar o máximo potencial da ISS", disse Clem.