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Cientistas argentinos descobrem como giardia se "esconde" dos anticorpos

Da Efe<br>Em Londres

10/12/2008 16h00

Cientistas argentinos estudaram o parasita intestinal Giardia lamblia e conseguiram determinar seu processo de variação antigênica para evitar ser detectado pelo sistema imunológico humano, diz matéria publicada no último número da revista inglesa "Nature".

A análise esteve a cargo de uma equipe liderada por Hugo Luján e seus colegas do Laboratório de Bioquímica e Biologia Molecular da Faculdade de Medicina da Universidad Católica de Córdoba.

Luján disse à agência Efe que o parasita é um organismo unicelular, binucleado e flagelado que habita o intestino delgado de humanos e outros mamíferos e é o agente responsável da giardíase, causando infecção.

Ela se apresenta com manifestações clínicas que variam da infecção assintomática à doença aguda ou crônica associada com diarréia e má absorção de nutrientes, em uma das doenças parasitárias mais comuns no mundo todo.

Este parasita consegue se camuflar ao mudar a expressão da proteína em sua superfície, as denominadas proteínas variáveis de superfície (VSP, na sigla em inglês), a fim de evitar ser detectado pelo sistema imunológico, indica a matéria.

Para isto, o Giardia lambia utiliza um mecanismo similar ao RNA (molécula de ácido ribonucléico que suprime a expressão de genes específicos).

Os analistas acrescentaram que fica clara a função dos antígenos variáveis de superfície, primeiro sobre seu papel na evasão da resposta imune do hospedeiro parasitado e, depois, sobre a enorme importância na proteção contra infecções em indivíduos que contam com um arsenal imunológico.

A idéia de bloquear o mecanismo de variação antigênica, segundo eles, pode ser de grande utilidade para a geração de vacinas contra outros importantes parasitas que também manifestam variação antigênica, como sucede na malária (causada por diferentes espécies de plasmódios) ou a doença do sono (gerada pelo Tripanosoma brucei), doenças que produzem grande mortandade em diversas áreas do mundo.

O pesquisador argentino assinalou que, devido às diferenças nas condições sanitárias, nos países subdesenvolvidos é maior a prevalência da infecção com Giardia lamblia que nos países avançados, onde as infecções humanas são comuns em turistas.