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Luta contra-relógio para resgatar sobreviventes em Padang

02/10/2009 14h22

(atualiza com números de pessoas apanhadas e edifícios destruídos)Juan Palop.

Padang (Indonésia), 2 out (EFE).- As equipes de resgate lutam hoje contra o relógio e a adversidade para retirar dos escombros os milhares de soterrados pelo terremoto da ilha indonésia de Sumatra, em que morreram pelo menos 1,1 mil pessoas, segundo as Nações Unidas.

Dois dias depois de o terremoto sacudir a costa ocidental da ilha do Oceano Índico, cerca de 3 mil pessoas continuavam sob toneladas de escombros e massas de ferros retorcidos, assinalou o Ministério da Saúde.

As ruínas do hotel Ambacang, um prédio de seis andares construído na época colonial holandesa, era o lugar da cidade de Padang onde se concentravam grande parte dos trabalhos de resgate, que os socorristas levavam com a ajuda de duas retroescavadeiras.

"As paredes não sustentaram e todo o prédio desabou. Hoje conseguimos recuperar os três primeiros cadáveres, mas achamos que ainda existam outras oitenta pessoas lá dentro", explicou à Agência Efe Zull Hendry, membro da equipe do Ministério da Saúde.

"Vamos seguir retirando escombros até que fique tudo limpo, e ainda é impossível encontrarmos gente com vida", acrescentou.

Por trás do cordão de isolamento, dezenas de moradores, entre eles familiares das vítimas fatais, observavam em silêncio o difícil avanço dos trabalhos de resgate.

"Eu não saio daqui enquanto não encontrem meu pai", declarou o jovem indonésio Saharo.

A prioridade das autoridades, dois dias após o terremoto de 7,6 graus na escala Richter, era localizar os desaparecidos, embora a cada hora que passe diminua a esperança de encontrar pessoas vivas entre os escombros dos prédios.

Mais de 20 mil prédios de Padang, a capital provincial, e de outros seis distritos vizinhos, ficaram danificados ou destruídos pelo terremoto.

O cenário era desolador em Padang, a terceira maior cidade da ilha de Sumatra e a mais atingida pelo terremoto, com mais de quinhentos de edifícios destruídos.

"A situação na cidade de Padang é ruim, mas não devemos esquecer as áreas rurais próximas, onde povoados inteiros foram totalmente devastados", advertiu em Genebra a coordenadora de operações da Federação Internacional da Cruz Vermelha, Christine South.

Sob os escombros de uma escola em Padang, socorristas tentam resgastar crianças.

Uma das crianças foi resgatada com vida 40 horas após o terremoto.

"Se existem sobreviventes, ainda há esperança", declarou o presidente da Indonésia, Susilo Bambang Yudhoyono, às milhares de famílias que esperam por notícias de familiares desaparecidos.

A ministra da Saúde, Siti Fadilah Supari apelou à solidariedade da comunidade internacional.

"Precisamos da ajuda dos países estrangeiros, principalmente de equipes de resgate qualificadas e com equipamentos modernos", explicou Supari, pedindo médicos para tratar as pessoas com fraturas.

Austrália, China, Estados Unidos e a União Europeia, entre outros, mandaram profissionais, enquanto a Rússia enviou dois aviões militares com médicos, enfermeiras e cachorros treinados para rastrear sobreviventes entre as ruínas.

Padang tinha recebido até na sexta-feira cerca de 28 toneladas de material de urgência, como água potável, mantimentos, remédios e tendas de campanha, em quantidade ainda insuficiente para as dezenas de milhares de residentes que se ficaram sem um teto.

A Agência Nacional de Gestão de Desastres anunciou que não colocará impedimento algum aos voluntários estrangeiros.

Embora o subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, John Holmes, estimou em 1,1 mil mortos por causa do terremoto, o Governo Indonésia mantém o número oficial em 770 mortos e 2,4 mil feridos.

A própria ministra da Saúde admitiu ontem o número final de vítimas fatais será de milhares devido à magnitude dos danos, e lembrou que ainda não cálculo oficial dos mortos nas áreas mais remotas.

Indonésia está inserida no chamado Anel de Fogo do Pacífico, uma área de grande atividade sísmica e vulcânica que é sacudida por cerca de 7 mil tremores por ano, a maior parte deles moderados.

Em 2006, cerca de 6 mil pessoas morreram em um terremoto na javanesa cidade de Yogyakarta e dois anos antes 170 mil no norte de Sumatra por um tsunami.