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Relatório da OMS diz que só 5,4% vivem livre da fumaça do cigarro

09/12/2009 10h07

Genebra, 9 dez (EFE).- Apenas 5,4% da população mundial vivem em lugares onde há leis que preveem ambientes livres de fumaça de cigarro, de acordo com um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) publicado hoje sobre a epidemia mundial do fumo.

Os dados correspondem a 2008 e, apesar de o número ser realmente baixo, representa melhora em relação ao ano anterior, quando 3,1% da população mundial estavam protegidos por leis antifumo.

Uma pesquisa inédita realizada pelo Instituto do Coração (Incor), do Hospital das Clínicas de São Paulo, aponta que a lei antifumo, que entrou em vigor há quatro meses no Estado, ajuda a proteger até a saúde de pessoas que fumam, já que elas não estão mais expostas à fumaça do cigarro em ambientes fechados de uso coletivo.

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Em 2007, só dez países no mundo contavam com leis de espaços livres de fumaça, número que subiu para 17 em 2008: Austrália, Butão, Canadá, Colômbia, Djibuti, Finlândia, Reino Unido, Guatemala, Guiné, Irã, Irlanda, Maurício, Nova Zelândia, Panamá, Turquia, Uruguai e Zâmbia.

"Embora isso represente um progresso, o fato de mais de 94% das pessoas permanecerem desprotegidas e sem leis que lhes garantam ambientes limpos de cigarro mostra que ainda há muito a fazer", afirmou o diretor-geral adjunto para Doenças Não Comunicáveis e Saúde Mental da OMS, Ala Alwan.

"São necessárias ações urgentes para proteger as pessoas da morte e das doenças causadas pela exposição à fumaça do tabaco. Não há um nível seguro de exposição a ele", acrescentou.

A OMS decidiu enfatizar este ano a necessidade dos ambientes livres de fumaça de tabaco por constatar que a inalação de fumaça por fumantes passivos causa 600 mil mortes e perdas econômicas de mais de US$ 10 bilhões por ano. Das mortes, 64% correspondem a mulheres e 31% do total são menores.

Segundo a OMS, um terço dos adultos e 40% dos menores no mundo estão expostos à fumaça do tabaco. De acordo com o estudo, apenas 9% dos países do mundo têm leis para erradicar a fumaça de cigarro dos bares e restaurantes, e 65 países não tiveram qualquer avanço em políticas de espaços livres de fumaça.

A OMS denuncia esta situação e lembra que a aplicação de políticas de espaços livres de fumaça reduz a exposição dos fumantes passivos ao tabaco entre 80 e 90%, e ajudam os dependentes que querem abandonar o vício.

É por isso que o artigo oitavo da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco, assinada em 2005 e ratificada por 160 países, fala sobre os ambientes livres de fumaça, embora só 17 tenham criado leis a respeito.

Para ajudar a implementar o estabelecido pela Convenção, foi criado um guia de diretrizes denominadas Mpower, que estabelecem seis níveis de atuação: controlar o uso e prevenir, proteger a população da inalação de fumaça, oferecer ajuda para deixar de fumar, alertar sobre os riscos, proibir publicidade e aumentar os impostos ao fumo.

No entanto, apenas 10% da população mundial vivem em países onde ao menos uma destas medidas é aplicada.

Além dos fumantes passivos, a fumaça inalada pelos fumantes ativos mata a cada ano 5 milhões de pessoas, o que transforma o tabaco na principal causa de morte evitável no mundo.

Os estudos da OMS demonstram, além disso, que, a menos que haja uma mudança radical na tendência, o fumo matará mais de 8 milhões de pessoas no mundo em 2030.

"No final deste século, o fumo poderia matar mais de 1 bilhão de pessoas se não houver ações rápidas", adverte a OMS.