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Negligência multiplica riscos e abortos ilegais na Argentina, diz relatório

Buenos Aires, Argentina

10/08/2010 11h47

Milhares de argentinas se expõem a "sofrimentos" evitáveis que podem levá-las à morte por "condutas negligentes ou abusivas" nos serviços de saúde do país, no qual 40% das gravidezes são interrompidas por meio de abortos, segundo um relatório da Human Rights Watch (HRW).

Os números da Argentina dobraram na média latino-americana, situada em 20%, e confirmam que neste país o aborto se transformou "em um método de anticoncepção", assinalou a Agência Efe Marianne Mollmann, diretora de advocacia da divisão Direitos das Mulheres da HRW.

Mollmann denunciou que na Argentina, apesar do bom acesso a anticoncepcionais e educação sexual, a lei não é aplicada, não há qualquer controle ou supervisão.

Os resultados são situações como a registrada em 2008, quando "não houve distribuição de anticoncepcionais por parte do Governo porque ficaram parados em contêineres nos portos por razões burocráticas".

A investigação da HRW divulgada hoje em Buenos Aires pede ao Governo argentino que garanta às mulheres o acesso aos serviços de saúde, denegridos por "deficiência, falta de supervisão e preconceito" médicos.

Muitos dos 460 mil abortos registrados por ano no país, pelos dados oficiais, são praticados "de forma insegura", o que constitui uma das causas principais de mortalidade materna há décadas, precisou o estudo feito no país.

Uma recente pesquisa da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia de Buenos Aires (Sogiba) sustenta que duas de cada três mortes de mulheres por causas relacionadas com a maternidade, como o aborto, não são registradas dessa forma nos hospitais de Buenos Aires.