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Exército, ONGs e ONU se unem para ajudar o Paquistão

11/08/2010 13h05

(acrescenta dados do Governo e do plano de emergência anunciado pela ONU).

Igor G. Barbero.

Islamabad, 11 ago (EFE).- As agências humanitárias das Nações Unidas, o Exército, ONGs e diferentes países se uniram para ajudar os milhões de afetados pelas devastadoras inundações no Paquistão, que já cobriram mais de 15% do território do país.

"A ameaça não acabou e as chuvas também não, portanto o país precisa de uma ajuda imediata", declarou hoje à Agência Efe um porta-voz da Autoridade Nacional de Gestão de Desastres, Ahmad Kamal.

Segundo a fonte, "a situação está melhorando um pouco, as represas estão resistindo, mas o nível de água continua sendo muito alto e alagando novas zonas planas" no país.

A fúria do rio Indo e de seus afluentes, que deixou desde o final de julho pelo menos 1.303 mortos e mais de 14 milhões de afetados no país, incluindo dois milhões de desabrigados, segundo as autoridades, deixou uma paisagem de devastação pelo Paquistão.

Muitos organismos e instituições, assim como o próprio povo paquistanês, se uniram em uma corrida para ajudar os mais necessitados.

Parte da assistência é liderada pela ONU, que distribuiu porções de comida para um mês a 370 mil pessoas e 57 mil tendas de campanha, entre outros artigos, segundo dados divulgados hoje em uma entrevista coletiva por responsáveis de três de suas agências humanitárias.

Na sede da ONU em Nova York, o subsecretário-geral da organização para Assuntos Humanitários, John Holmes, pediu hoje à comunidade internacional US$ 459 milhões com urgência para atender nos próximos três meses parte dos desabrigados.

A tragédia também é considerada uma oportunidade por certas organizações islâmicas, que estão aproveitando para adquirir popularidade entre os afetados, como aconteceu depois do terremoto na região da Caxemira, em 2005, disse à Efe uma fonte de inteligência ocidental.

"Agora oferecem sua ajuda, ganham adeptos ao atender suas necessidades e pouco a pouco os vão recrutando para escolas do Corão. Está acontecendo", acrescentou a fonte.

A Jamaat-ud-Dawa, organização proibida depois de ter sido acusada de ter ligações com o grupo terrorista que perpetrou um atentado na cidade indiana de Mumbai em 2008, está muito envolvida nas tarefas de assistência, com três mil voluntários atuando em todo o país, disse à Efe uma fonte da entidade.

O mesmo fez a organização Al-Khidmat, do principal partido islâmico do país, que a partir de 11 sedes está mobilizando cerca de 100 mil pessoas em todas as províncias paquistanesas para levar comida, remédios ou evacuar os afetados, segundo fontes do grupo.

"Quando você pensa em fazer donativos, você quer que a contribuição seja aproveitada. E esta gente faz o trabalho realmente bem, vi o grupo atuar durante o terremoto da Caxemira em 2005. No entanto, se você dá seu dinheiro ao Governo, você não sabe para onde irá", disse à Efe Asim Awan, um jornalista paquistanês.

As palavras de Awan são apoiadas pelas opiniões de muitos cidadãos consultados pela Efe, que criticaram a ausência da Administração política nas áreas afetadas pela catástrofe, como foi mostrado pelos protestos no país contra a viagem de mais de uma semana do presidente Asif Ali Zardari à Europa, que terminou ontem.

Em entrevista coletiva, o ministro da Informação paquistanês, Qamar Zaman Kaira, reconheceu hoje que o Governo cometeu "alguns erros" na gestão da crise, mas alegou que "as intenções foram boas".

"Este é um Governo que está ignorando completamente a situação, não fez nada. Eu esperaria que a cada dia convocassem uma reunião do Gabinete para revisar a crise", criticou o analista econômico Mohammed Zubeir, em declarações à Efe.

Segundo a fonte, o Exército reagiu de acordo com as expectativas, "está muito a bordo, fez muito trabalho de resgate" e tem desdobradas dezenas de milhares de unidades por todo o país.

Em muitos destes resgates, participam também vários helicópteros e funcionários dos Estados Unidos, um país que não só anunciou US$ 35 milhões em ajuda econômica, mas diariamente informa sobre a chegada de um novo avião com tendas de campanha, comida ou botes.

"Os EUA foram muito rápidos oferecendo ajuda. É uma boa oportunidade para melhorar as relações diplomáticas, que nunca são fáceis. E, obviamente, são os primeiros interessados em que o Paquistão permaneça estável", observou Zubeir, em referência ao papel de Islamabad como aliado na guerra contra o fundamentalismo islâmico.