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Pobreza e ignorância perpetuam presença maciça da Aids na África

03/06/2011 08h00

Nairóbi, 3 jun (EFE).- A falta de recursos econômicos, de educação e conscientização perpetuam a presença da Aids na África Subsaariana, lar de 22,5 milhões dos 33,3 milhões de infectados pelo HIV no mundo, segundo números do Programa das Nações Unidas para a Aids (Unaids).

Rosemary Adhiambo, uma das fundadoras da associação de mulheres soropositivas Power Women Group na favela de Kibera, em Nairóbi, assegura que as clínicas locais distribuem preservativos gratuitamente, mas "os homens são muito reticentes na hora de usá-los", mesmo que a parceira esteja infectada.

Além disso, Rosemary aponta a pobreza como o outro culpado pela continuidade da Aids: "Existem mulheres soropositivas que se prostituem para alimentar seus filhos. Assim conseguem sustentar a família, mas a doença se propaga".

No Quênia, com uma taxa de 6,3% de infectados segundo a Unaids, o Governo arca com as despesas dos antirretrovirais, mas em algumas zonas rurais do país, onde é preciso caminhar vários quilômetros para conseguir um preservativo, é difícil ter acesso aos medicamentos.

O Power Women Group vende, desde 2005, vários produtos que permitem às associadas ganhar algum dinheiro e melhorar sua situação. "Agora há menos discriminação. E nossos filhos estão perfeitamente integrados", declara Celina, uma associada.

Os países mais afetados pela infecção estão no sul do continente: Suazilândia (25,9% de infectados), Botsuana (24,8%), Lesoto (23,6%) e África do Sul (17,8%).

Segundo o diretor do Escritório Regional para a Aids, a Tuberculose e a Malária da Organização Mundial da Saúde (OMS), David Okello, a chave para frear a Aids reside no diagnóstico da doença.

Em declarações à Agência Efe, Okello insistiu na importância de analisar o sangue "de todas as pessoas que for possível" e acrescentou que são necessários US$ 10 bilhões para garantir o acesso de todos os soropositivos africanos à medicação.

O representante da OMS está consciente que este trabalho é "muito difícil", uma vez que em muitos países do continente os habitantes sequer contam com serviços sanitários básicos.

Um relatório apresentado em setembro de 2010 por OMS, Unicef e Unaids revelou que o acesso a estes tratamentos oscila entre 50 e 80% dos infectados em países como Etiópia, Zâmbia, Namíbia e Suazilândia; enquanto Ruanda, assim como Cuba, consegue alcançar uma cobertura total.

A África continua sendo a região mais afetada por um mal cuja origem é ainda incerta - estudiosos da matéria costumam situá-la no centro-oeste do continente no final do século XIX ou princípios do XX.

Segundo estas teorias, o vírus da imunodeficiência nos macacos pode ter sido transmitido aos humanos originariamente através de feridas causadas pela caçada a primatas ou durante a manipulação de sua carne.