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Tchecos celebram aniversário de revolução de 1989 com críticas ao presidente

Em Washington

17/11/2012 00h03

Praga, 17 nov (EFE).- A República Tcheca lembrou nesta segunda-feira o 25º aniversário da Revolução de Veludo, que pôs fim ao regime comunista em 1989, em meio a protestos contra o atual presidente, o social-democrata Milos Zeman.

Cerca de oito mil pessoas estiveram presentes em uma grande passeata de protesto no centro de Praga contra o controvertido líder, cantando palavras de ordem como "Saia do Castelo", em alusão à sede da presidência, e "Tenho vergonha do meu presidente".

A manifestação começou no campus universitário de Albertov, palco das concentrações estudantis que iniciaram a derrubada do sistema comunista há 25 anos.

Os manifestantes acusam Zeman, um antigo militante do Partido Comunista checo, de diminuir a importância da passeata estudantil de 17 de novembro de 1989. O histórico protesto foi qualificado este fim de semana pelo presidente, de 70 anos, como "um entre tantos naqueles anos".

Ele também foi criticado por ter usado palavras vulgares e impróprias para um presidente em recente entrevista à rádio pública tcheca, quando falou do grupo russo dissidente "Pussy Riot".

Por causa disso uma multidão se reuniu na Avenida Nacional de Praga para mostrar "o cartão vermelho" ao presidente tcheco.

Mas em um comício realizado em Albertov, o chefe de Estado afirmou "não ter medo de meus críticos, como não tive medo há 25 anos".

Em outro ato celebrado na sede presidencial Zeman recebeu os líderes das vizinhas Polônia, Eslováquia, Hungria e Alemanha.

No principal ato político de hoje, o primeiro-ministro tcheco, Bohuslav Sobotka, destacou as conquistas do país centro-europeu no último quarto de século e lembrou "o importante e positivo momento que deu a liberdade aos tchecos", em 1989.

Ao mesmo tempo, o chefe de governo social-democrata advertiu para a necessidade de lutar contra a corrupção política, um dos assuntos que mais preocupam a população atualmente.

"Agora é sobre funcionar um Estado no qual os bens públicos não são roubados", manifestou Sobotka.

Os membros do governo tcheco participaram hoje de uma oferenda floral no monumento que lembra a manifestação estudantil da Avenida Nacional de Praga.

Esse lugar, que foi testemunha da brutalidade com que a polícia dissolveu a manifestação pacífica, estava hoje cheio de símbolos dos novos tempos.

Jovens artistas protagonizaram à tarde no centro de Praga a chamada "Peregrinação de Veludo", com perucas e objetos alegóricos, satirizando os erros cometidos durante a transição e as questões ainda pendentes do país.

Em um grande mural os cidadãos podiam depositar uma mensagem ou expor livremente suas ideias; também havia uma jaula vermelha vazia, com o letreiro "sem comunistas", e shows de várias bandas locais.EFE

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