Topo

Será difícil para Curiosity achar vestígios de vida em Marte

Antonio Sánchez Solís

Em Viena

12/04/2013 06h04

O robô Curiosity, da Nasa (Agência Espacial Norte-Americana), abriu o caminho para demonstrar que Marte e a Terra já foram iguais, mas será muito difícil que esta missão dê o grande salto de encontrar vestígios de vida no planeta vermelho, afirmou Javier Gómez-Elvira, diretor do Centro de Astrobiologia da Espanha (CAB).

"O objetivo do Curiosity é saber se Marte foi parecido com a Terra no princípio [de sua evolução]", explicou o cientista em Viena, durante sua participação na Assembleia-Geral da União Europeia de Geociências, que terminou na sexta-feira (12).

Depois de apresentar os últimos dados coletados pelo veículo explorador Curiosity, Gómez-Elvira disse que essas semelhanças - como a presença de uma atmosfera apta para a vida ou a presença de água na superfície - levam a acreditar que poderia ter havido vida em Marte.

Assim, o planeta vermelho seria "outro bom candidato para ver se o que aconteceu na Terra pode acontecer em outro ponto do Sistema Solar".

O Curiosity chegou a Marte em agosto de 2012 para investigar a história do planeta na cratera de Gale, onde se acredita que um dia já houve as condições apropriadas para a existência de vida microbiana.

No entanto, para o chefe do CAB, um centro misto do INTA (Instituto Nacional de Técnica Aeroespacial) e do CSIC (Conselho Superior de Investigações Científicas) não é provável que a missão do Curiosity dê maiores surpresas nesse sentido.

"Seria uma casualidade muito grande se houvesse esse salto", entre outras coisas, porque "ele também não possui instrumentos" para isso, explicou. Assim, o Curiosity fica encarregado de dizer se "Marte e a Terra foram parecidos".

"Espera-se que o próximo jipe-robô que a Nasa vai enviar em 2020 dê um passo além e tente buscar vestígios de vida", disse, confiante, Gómez-Elvira.

Para essa missão de 2020, o CAB apresentou o Solid, um instrumento mais focado à detecção de vida microbiana e que espera que seja aceito pela Nasa.

Reunião 

Em relação às últimas análises realizadas pelo Curiosity na atmosfera de Marte, Sushil Atreya, da Universidade de Michigan (EUA), indicou que ela apresenta mais evidências de que há milhões de anos foi muito mais grossa e rica e tinha as condições perfeitas para um mundo habitável.

Em um processo que durou cerca de 4 bilhões de anos, Marte perdeu entre 85% e 95% de seu volume, afirmou.

A Assembleia-Geral da União Europeia de Geociências reuniu cerca de 10 mil participantes que debateram os mais variados assuntos como a mudança climática e seus custos, as últimas descobertas relacionadas a recursos naturais ou possíveis avanços no prognóstico de terremotos.

Um dos campos da atualidade que se tratarão é o do polêmico "fracking", ou fratura hidráulica, pelo crescente desenvolvimento dessa tecnologia para explorar o gás de xisto.