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Viagem ao espaço pode se tornar plano de férias para milionários

04/05/2013 06h06

Ir ao espaço deixará definitivamente, nos próximos anos, de ser uma odisseia de ficção científica para se tornar um plano de férias de milionários dispostos a pagar quantias estratosféricas para realizar uma espécie de "cruzeiro" à Lua com vista para Terra.

Após os astronautas de carreira, serão os turistas os próximos humanos a desfrutar da falta de gravidade, dos menus desidratados e da paisagem terráquea à distância com a única missão de viver uma experiência inesquecível.

O preço da passagem será, por enquanto, acessível para poucos: a tarifa mais barata custa cerca de US$ 95 mil por pessoa.

A exploração comercial através do investimento privado passou a ser a grande alternativa para financiar a exploração espacial que até agora se alimentava dos custosos programas públicos pagos pelas grandes economias mundiais.

Com a descoberta do turismo rentável e após especialistas perceberem que a manutenção de alguns veículos espaciais tinha deixado de ser boa economicamente, o que fez com que o Endeavour e o Discovery fossem tirados de circulação e agora sejam expostos em museus dos EUA, alguns empresários resolveram optar por esse tipo de turismo orbital.

As viagens para fora da Terra poderão ser feitas pela nave SpaceShipTwo (SS2), da Virgin Galactic, empresa do britânico Richard Branson; a cápsula Dragon Space X, do fundador do Pay Pal, Elon Musk; o veículo New Shepard, da companhia Blue Origin, do criador da Amazon, Jeff Bezos; e o Lynx, da XCOR Aerospace, fundada por Jeff Greason, ex-Intel.

O SS2 ultrapassou nesta semana a barreira do som em um voo de teste que saiu da Califórnia, nos Estados Unidos, e segundo declarou Branson, sua aeronave, com capacidade para 6 passageiros e dois pilotos, estará pronta para realizar uma viagem espacial no fim de 2013.

"Este é seu primeiro passo para ser um astronauta", diz a página de venda de passagens para o SS2, que oferece lugares por US$ 200 mil para participar desta viagem suborbital, incluindo traje espacial e a experiência da falta de gravidade.

Artistas como Ashton Kutcher, Tom Hanks, Angelina Jolie e Katie Perry são alguns que fizeram um depósito de US$ 20 mil para garantir um lugar no SS2, que é o protótipo mais avançado de todos os que concorrem para colocar os turistas em órbita.

A XCOR tenta se diferenciar de seus concorrentes prometendo "algo realmente de astronauta" que consiste em pôr o viajante na cabine do Lynx pelo módico preço de US$ 95 mil para um voo que alcançará 100 quilômetros de altitude durante pouco mais de 4 minutos, apesar de o veículo não estar pronto até o final de 2014.

A XCOR calcula que, nos próximos 10 anos, haverá 20 Lynx operacionais. Como o setor é carente de mão de obra, a companhia busca funcionários. Somente a Blue Origin tem quase 30 ofertas de emprego por dia em seu site.

Os pioneiros em transformar o espaço em uma atração turística foram os fundadores da empresa Space Adventures, que entre 2001 e 2009 levaram sete pessoas até a ISS a bordo da nave Soyuz, entre eles Dennis Tito, o primeiro turista espacial, que passou uma semana fora do planeta.

Ao contrário de seus rivais, a Space Adventures não fabrica seus próprios veículos e fechou um acordo com a Tatu Aerospace para utilizar seu protótipo de viagens, ainda em desenvolvimento, e oferecer pacotes turísticos por US$ 102 mil.

A companhia projeta um cruzeiro para dar a volta na Lua, que será realizado com tecnologia russa, mas não foram dados muitos detalhes a respeito. Já a empresa britânica Excalibur Almaz e a americana Golden Spike afirmam que seus turistas poderão pisar a superfície lunar, como Neil Armstrong em 1969.

A SpaceX quer ir mais à frente e mira Marte. Sua cápsula Dragon é a escolhida pelo projeto Mars One para enviar terráqueos ao planeta vermelho em uma viagem sem retorno.

O recrutamento começou em 22 de abril pela internet. Em apenas dois dias, já houve 33 mil solicitações de pessoas dispostas a deixar para trás para sempre a Terra.

A Mars One se propôs a estabelecer o primeiro assentamento no planeta vizinho em 2023 e bancar os custos da missão com publicidade.

O projeto será televisionado, como um "Big Brother", do princípio ao fim, desde o processo de seleção dos participantes até a viagem e as posteriores crônicas marcianas.