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Rio Paraguai continua subindo, e inunda mais casas em Assunção

01/07/2013 01h27

César Muñoz Acebes.

Assunção, 1 jul (EFE).- O Rio Paraguai subiu mais quatro centímetros nesta terça-feira em Assunção, perante a apreensão das famílias que vivem no limite atual de água, enquanto o presidente, Horacio Cartes, promete "soluções definitivas" para os 230 mil afetados pelas inundações em todo o país.

No bairro Asteca 2 da capital paraguaia a água marrom deixada pelas chuvas dos últimos meses vai formando uma camada cada vez mais alta na casa de Néstor Mendieta. Ele ainda não saiu de casa porque está à espera de receber as placas de aglomerado e uralita que o governo está doando aos desabrigados para a montagem de refúgio em outro lugar, segundo disse.

"Vou construir na rua, como todas as pessoas, nas estradas. Não nos dão um prédio", disse.

Ao lado de sua casa, a praça do bairro já está cheia de barracos improvisados, iguais às vistas em calçadas e ruas no resto da cidade, inclusive na frente do Congresso.

A água também está dentro da casa de Roberto Salinas, mas ele decidiu ficar para evitar que o pouco que tem seja roubado e porque também não sabe para onde poderia ir.

"Estou fazendo um barquinho aí dentro (da casa). Não temos lugar perto daqui para ficar", explicou.

As inundações pelas enchentes também afetam o sul do Brasil, com 50 mil evacuados, e a Argentina, onde há 14 mil, segundo as autoridades.

No Paraguai, os afetados são, em sua maioria, pessoas pobres que viviam em regiões de risco nas margens dos rios. A eles o presidente Cartes prometeu hoje ajuda imediata e "soluções definitivas" para que não estejam expostos ao perigo, embora não tenha dado mais detalhes.

Com essa breve menção, o presidente começou um longo discurso perante ambas as Câmaras do Congresso, no qual brindou seu primeiro relatório anual de gestão desde que assumiu o poder em agosto do ano passado e no qual não voltou a abordar a emergência.

O Rio Paraguai alcançou hoje os 7,19 metros de altura no porto de Assunção, após subir seis metros em quatro meses, segundo a Direção de Meteorologia e Hidrologia.

Em sua bacia alta o nível se manteve hoje estável ou desceu levemente, o que é um bom sinal da previsível redução do rio nos próximos meses, embora a direção alerte para uma nova alta quando se inicie a época de chuvas, em outubro. Em curto prazo, as autoridades e agências internacionais se esforçam por responder às necessidades das pessoas deslocadas.

A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) citou hoje os serviços sanitários, a água e o manejo de lixos como os principais problemas nos precários assentamentos onde vivem muitos dos deslocados. Nos acampamentos instalados nos terrenos da Primeira Divisão de Infantaria em Assunção, por exemplo, onde no domingo passado viviam 8.098 afetados, só havia entre 45 e 50 banheiros, ou seja, um para mais de 160 pessoas, segundo disse à Agência Efe o tenente- coronel Cándido Chamorro.

A Secretaria de Emergência Nacional (SEN) afirmou que já não há banheiros químicos portáteis no país. Para amenizar a situação, a OPS, em coordenação com as autoridades paraguaias, construirá latrinas tradicionais em alguns lugares e em outros instalará módulos sanitários com banheiro, lavatório e chuveiro, explicou hoje à Agência Efe Emilio Ramírez, assessor em Desenvolvimento Sustentável e Saúde Ambiental.

O projeto faz parte de um plano de resposta elaborado de forma conjunta pelas diferentes agências da ONU, que pediram à sede do organismo três milhões de dólares de seu fundo de emergências para financiá-lo, segundo disse à agência Efe o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Paraguai.

Nos assentamentos são frequentes os casos de doenças respiratórias e diarreias, mas não se trata de um número superior ao esperado para esta época do ano, esclareceu à Agência Efe Carlos Castillo, representante da Opas no Paraguai. Ao mesmo tempo, ele alerta que, uma vez que o nível do rio desça, ficarão águas residuais que podem se transformar em criadouro do mosquito da dengue.