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Biólogo estuda hábitos de voo e alimentação de morcegos no Paraná

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Imagem: Reprodução

Aitor Álvarez García

Em Guaraqueçaba, Paraná

04/12/2013 12h40

Os morcegos voam a diferentes alturas de acordo com a comida que precisam para sua alimentação, conforme conclui uma pesquisa que o biólogo Fernando Carvalho realiza em uma reserva ambiental no Paraná.

O estudo procura conhecer melhor as diferentes espécies de morcegos que habitam a Reserva Natural Salto Morato, uma área preservada de Mata Atlântica no litoral do estado.

Para isso, o especialista em morcegos vem capturando estes peculiares mamíferos por meio de redes colocadas em diferentes alturas e em vários pontos da reserva natural, localizada a cerca de 170 quilômetros de Curitiba.

As redes especiais para este trabalho, de origem americana, chegam a ter até nove metros de altura.

Carvalho tem, por enquanto, três meses de uma pesquisa planejada para um ano e que iniciou no último mês de setembro. Até agora, já conseguiu capturar 167 exemplares de 18 tipos diferentes, cerca de 70% de todas as espécies registradas na reserva.

De todos os morcegos capturados, dez de cada espécie são sacrificados para o estudo ser mais eficaz. Uma vez que se atinja esse número, os demais animais são marcados e postos em liberdade.

Segundo o biólogo, a forma de alimentação dos morcegos varia de acordo com a espécie e pode ser classificada em até seis tipos principais: os insetívoros (se alimentam de insetos), os carnívoros (se alimentam de animais menores), os piscívoros (se alimentam de pequenos peixes), os hematófagos (se alimentam de sangue), os frugívoros (comem frutos) e os nectarívoros (se nutrem do pólen das flores).

Dessa forma, para poder conseguir cada tipo de comida, acrescenta Carvalho, os morcegos têm que voar a diferentes alturas. A pesquisa busca definir qual é essa altura e suas variáveis, além da alimentação.

O especialista já conseguiu capturar exemplares de todos os tipos de morcegos, exceto os que se alimentam de peixes.

"Passamos horas perto da água porque temos certeza que eles existem na reserva", disse o biólogo à Agência Efe, em uma visita à reserva feita por um pequeno grupo de jornalistas.

O pesquisador se esforçou em desmentir o que para ele são "lendas" sobre estes mamíferos voadores. Assegurou que "ao contrário do que todo o mundo acredita, os morcegos não são cegos e têm olhos muito grandes, que fecham rapidamente quando enxergam a lanterna ao serem capturados".

Para confirmar essa afirmação, Carvalho contou que, na Austrália, há morcegos de até dois metros de longitude e que, ao invés de viverem à noite, como é habitual, têm uma atividade diurna e convivem com os seres humanos.

Além disso, no maior país da Oceania, "há famílias que adotam um exemplar desse morcego gigante no momento em que nasce. Elas cuidam, dão de comer, até crescer para deixá-lo nesse momento em liberdade", acrescentou.

"Assim, frente ao temor que há na maior parte do mundo sobre estes misteriosos animais, em países como a Austrália eles atuam como verdadeiros animais de estimação", ironizou o investigador.

Fernando Carvalho também disse ainda que "sabe que os morcegos podem gerar medo entre as pessoas, mas que não são perigosos".

E finalizou: "Não há o que temer. Eles têm muito que nos ensinar".