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Cientistas dos EUA incorporam duas novas letras ao alfabeto genético

Em Washington

07/05/2014 21h30

Uma equipe de cientistas do Instituto de Pesquisa Scripps da Califórnia incorporou duas novas letras ao alfabeto genético ao desenvolver uma bactéria cujo DNA inclui duas bases nitrogenadas que não são encontradas na natureza.

A experiência é detalhada em um estudo publicado nesta quarta-feira (7) na versão digital da revista Nature, no qual se indica que os pesquisadores conseguiram que as células da bactéria Escherichia coli resultante da modificação genética se replicassem com relativa normalidade.

"A vida na Terra em toda sua diversidade está codificada por apenas dois pares de bases de DNA, A-T e C-G", explicou o líder do projeto, o professor associado do Instituto de Pesquisa Scripps, Floyd Romesberg.

Além destas quatro bases nitrogenadas, componentes do DNA que se agrupam em pares (adenina -A- com timina -T- e citosina -C- com guanina -G-), os pesquisadores americanos acrescentaram à bactéria um terceiro par de bases não natural.


Estas duas bases, denominadas d5SICS e dNaM, foram inseridas nas células da bactéria Escherichia coli com o objetivo que estas replicassem este DNA semi-sintético com normalidade.

O maior obstáculo para alcançar esse objetivo foi que os componentes destas bases (conhecidos como nucleotídeos-trifosfatos) não se encontram de forma natural nas células, e, para que se replicasse o DNA, tiveram que proporcioná-los de forma artificial às células, assim como as moléculas que os transportam.

Uma vez superado, os cientistas comprovaram que o material genético das células se replicava com razoável velocidade e precisão, não dificultava o crescimento das células da bactéria e não mostravam sinais de perder seus pares de bases não naturais.

"Quando pairamos o fluxo de blocos de construção trifosfatos não naturais sobre as células, a substituição de d5SICS-dNaM com pares de bases naturais fluiu tranquilamente em relação com a replicação celular", declarou Denis Malyshev, um outro pesquisador.

"Estes dois avanços também nos proporcionam controle sobre o sistema. Nossas novas bases só podem entrar nas células se fornecermos a proteína 'transportadora de bases'. Sem esta transportadora ou sem as novas bases, a célula voltará às A, T, G, C; e as d5SICS e dNaM desaparecerão do genoma", acrescentou Malyshev.